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Pagadores de Promessas

USOS, HÁBITOS E COSTUMES
Autor: Valmir Simões

Pagadores de Promessas

         

Madrugada do dia primeiro de novembro, mais ou menos 3 horas da manhã, fui acordado por minha mãe para fazer uma viagem para pagar uma promessa a Santa Cruz de Monte Santo. Um mês antes eu tinha completado 13 anos e a minha presença era fundamental, porque, segundo ela, eu teria sido agraciado pela Santa Cruz, por ter me livrado de uma epidemia de catapora que assolava Itiúba naquela época. Fui a contra gosto, pois diante de tantos adultos, na maioria de terceira idade, eu me sentia incomodado. Embarcamos em um caminhão pau-de-arara, de propriedade do Sr. Manuel Ventura, motorista muito cuidadoso. Todos os passageiros iam com chapéus de palha com a parte externa forrada de tecido na cor branca. Eu carregava uma sacola contendo biscoitos, pão e duas latas de kitut em conserva e um quente-frio (garrafa térmica) com café. Antes do carro sair, começou uma cantoria com ladainhas em louvor a Santa Cruz e continuamos a viagem desta maneira, eu me sentia um peixe fora dágua, chorava, resmungava e foi assim até chegarmos a cidade de Monte Santo, onde subimos a serra, percorrendo todo o trajeto das capelas, chegando ao topo do monte encontramos a velha igreja lotada e uma infinidade de devotos soltavam foguetes agradecendo as graças alcançadas. A mesma cantoria se repetiu no retorno e cheguei em Itiúba com dor de cabeça e por alguns dias dava a impressão que o canto das ladainhas, em vozes estridentes, ainda permaneciam na minha mente.                                                                    

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