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O Banho de Sopapo

USOS, HÁBITOS E COSTUMES
Autor: Valmir Simões

O Banho de Sopapo

 

A nossa velha e querida Itiúba passava por alguns momentos difíceis com o abastecimento de água. Os tonéis ou dornas eram, na época, os tanques das famílias que não tinham condições de possuir, em suas residências, um meio de acumular água em maior quantidade. Em média esses vasilhames tinham capacidade para 200 litros e sempre estavam sob as bicas esperando a vontade de Deus mandar uma chuvinha. Outras vezes dependiam da bondade dos maquinistas das nossas “Marias-Fumaça” que forneciam, gratuitamente, na estação ferroviária, uma água quente, às vezes fervente, mas, muito útil nas épocas de secas. Tempos cruéis aqueles. Quando menino, lá pelos meus 6 a 7 anos, lembro-me de que fiquei nu no quintal da nossa casa, pisando sobre alguns tijolos que forravam o chão e tomei banho com apenas dois litros de água, com um caneco feito com lata vazia de 1 litro de Azeite Guarany. Lembro-me que era muito comum, na época, um funileiro da Rua do Chamego vender canecos feitos de latas de óleo ou azeite, colocando nelas apenas uma asa de zinco, e assim estava pronto um ótimo utensílio para as donas de casa. Garanto que aquele banho apenas tirou a poeira do corpo, pois nem sabão usei para não gastar água demais. Embora a nossa casa tivesse banheiro, o tanque não tinha uma gota de água sequer. Graças a Deus esse sacrifício não passou mais do que uma semana. Somente assim eu conheci o que era um banho de sopapo.

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