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Coisas de Bêbado

USOS, HÁBITOS E COSTUMES
Autor: Valmir Simões

Coisas de Bêbado

 

Lá na venda do meu pai, eu presenciava coisas interessantes praticadas pelos “Pingunços”. Como não se vendiam tira-gostos, alguns traziam, às vezes, até pedaços de fígado frito, enrolados em um plástico. - Zé! Bota um milome aí. Um copinho do fundo grosso era colocado sobre o balcão e a terrível mistura descia pela boca do litro, indo ao encontro do copo para atingir o valor que correspondia ao pedido. A nossa moeda já passou por tantas fases que nem me lembro se eram tostões ou mil réis os valores que se vendiam as pingas e misturas em retalho. A bebida descia de goela abaixo e em seguida uma cusparada no canto do velho balcão que, lentamente e com o tempo, ia descolorindo a pintura verde e amarela. O tira-gosto era tirado de um rolo de papel manilhinha que ficava sobre o balcão, para embrulhar pães ou outras mercadorias. Palitos de fósforos eram mastigados para tirar o odor da pinga. Tamarindo verde também era muito usado com essa finalidade, e acredito virem lá das bandas da Praça Nova. Tudo que pudesse disfarçar o odor da pinga ou amenizar o teor alcoólico era válido.

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