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Uma Viagem a Itiúba: Memórias e Eleições

SAUDADE E LEMBRANÇAS
Autor: Fernando Pinto de Carvalho

Uma Viagem a Itiúba: Memórias e Eleições

      Já não moro em Itiúba há quase 40 anos, mas sempre retorno, especialmente nos dias de eleição. Até hoje, não transferi meu título eleitoral. É minha forma de manter um vínculo com a cidade que me viu nascer e crescer, que me deu régua e compasso, como canta Gilberto Gil em uma de suas belas canções.

Sempre que volto, as lembranças da infância e juventude afloram com intensidade. Como era bom chupar umbu diretamente do umbuzeiro, esticando a mão para colher o fruto fresco e maduro. Que alegria tomar banho nas cacimbas e no açude com os amigos, sempre atentos para fugir caso os donos, incomodados com nossa balbúrdia, aparecessem. Andar de bicicleta pelas ruas sem medo de carros, que eram raros. Brincar de Fazenda de Boi de Osso, criar nossas próprias diversões e brinquedos. Brincadeiras de guerra, de caubói, de perna-de-pau. Que tempo bom e inocente!

Na juventude, vieram os treinos de futebol, a Rádio Cultural, o Cine-Itiúba, as namoradas, as festinhas, as serenatas e os carnavais na 2 de Julho.

Mas deixemos as lembranças e voltemos à viagem. Cheguei no sábado ao meio-dia. Durante a tarde e a noite, carros com bandeiras e alto-falantes faziam propaganda dos candidatos. Até passeatas de partidários surgiram, animando as ruas.

No dia seguinte, a eleição. Fui votar cedo, mas a fila estava longa, então decidi voltar mais tarde. Quando retornei, a fila já estava menor e, após alguns minutos, consegui votar. Enquanto aguardava minha vez, recordei as eleições do passado.

Naquela época, os dois chefes políticos eram meu tio Belarmino e o Sr. Augusto Moura, pai do meu amigo Mourinha. Ambos eram homens honrados, honestos e muito queridos pela população, e ambos mereciam ser prefeitos da cidade.

As campanhas eram diferentes. Não havia carreatas nem discursos. Alguns eleitores exigiam a satisfação de desejos imediatos—roupas, sapatos, até chapéus em troca do voto. No dia da eleição, os chefes políticos preparavam refeições para centenas de eleitores. Naquele tempo, acredito que nada disso era proibido. A apuração acontecia na vizinha Queimadas, e as pessoas aguardavam o resultado pelo telégrafo da Estação Ferroviária. A festa começava quando o vencedor chegava.

Agora, em 2008, assim que a eleição foi encerrada, uma multidão se reuniu nos jardins da Avenida Getúlio Vargas. Pouco depois, a rádio local começou a transmitir os resultados, comemorados com gritos, palmas e bombas. Após a apuração, os carros desfilaram, buzinando e exibindo bandeiras do partido vencedor.

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