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Minha Viagem a Itiúba em 2008

SAUDADE E LEMBRANÇAS
Autor: Fernando Pinto de Carvalho

Minha Viagem a Itiúba em 2008

      

Já não moro em Itiúba há quase 40 anos, mas sempre vou lá, principalmente nos dias de eleições, pois até hoje não transferi o meu título eleitoral. É uma maneira de manter um vínculo com a cidade que me viu nascer e crescer, que me deu régua e compasso, como diz o Gilberto Gil em uma de suas belas canções.

Sempre que vou lá, as lembranças da minha infância e juventude afloram com toda força. Como era bom chupar umbu em cima do próprio umbuzeiro, quando bastava esticar a mão e colhê-lo fresquinho e madurinho. Que alegria era tomar banho, com vários amigos, nas cacimbas e no açude, sempre preparados para correr, caso os donos das cacimbas, que não gostavam nada da balbúrdia que fazíamos, aparecessem. Andar de bicicleta pelas ruas sem medo de ser atropelado por carros, que quase não existiam. As brincadeiras de Fazenda de Boi de Osso, pois tínhamos que criar nossas próprias brincadeiras e até nossos próprios brinquedos. Brincadeiras de guerra, de caubói, de perna-de-pau. Que tempo bom e inocente!

Na juventude, tinha os treinos de futebol, a Rádio Cultural, o Cine-Itiúba, as namoradas, as festinhas, as serenatas, os carnavais na 2 de julho...

Bem, deixemos as lembranças e voltemos à viagem. Cheguei no sábado ao meio-dia. Durante a tarde e à noite, os carros com bandeiras e alto-falantes faziam propaganda dos candidatos. Até passeatas de partidários de candidatos apareceram.

No dia seguinte, a eleição. Fui votar logo cedo, mas havia uma grande fila e eu deixei para mais tarde. Quando voltei, a fila já estava menor e, depois de alguns minutos, consegui votar. Enquanto aguardava minha vez, lembrei-me das eleições do passado. Os dois chefes políticos eram o meu tio Belarmino e o Sr. Augusto Moura, pai do meu amigo Mourinha, cuja residência, assim como a do meu tio, ficava perto da casa do meu pai. Meu tio e o Sr. Augusto Moura eram homens honrados, honestos e muito queridos pela população. Ambos mereciam ser prefeito da cidade.

Naquele tempo, a campanha era diferente, não havia carreatas nem discursos. Alguns eleitores exigiam a satisfação dos seus desejos imediatos. Era comum a exigência de roupas, sapatos e até chapéus para votar. No dia da eleição, os chefes políticos mandavam preparar refeições para centenas de eleitores. Penso que naquele tempo nada disso era proibido. A apuração era feita na vizinha cidade de Queimadas e as pessoas ficavam aguardando o resultado pelo telégrafo da Estação Ferroviária. A festa era feita quando o vencedor chegava.

Agora, em 2008, assim que os trabalhos da eleição foram encerrados, uma multidão apareceu nos jardins da Avenida Getúlio Vargas. Alguns minutos depois, a Rádio local começou a transmitir os resultados que eram comemorados com gritos, palmas e bombas. Após o final da apuração, os carros começaram a desfilar, buzinando insistentemente e com bandeiras do partido vencedor.

Não posso contar o resto porque fui dormir na casa da fazenda do meu irmão, para fugir da barulheira que, certamente, iria acontecer.

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