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Simpáticas Vovós

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Autor: Humberto Pinto de Carvalho

Simpáticas Vovós

 

Quando se fala de avó beira a uma ação instintiva como guardiã da paciência máxima e desatenção mínima. Assim o tempo passa e não sentimos. Tudo parece que aconteceu ontem. Nós netos-avôs que pensamos ser espertalhões, não esquecemos as nossas simpáticas avós Luiza materna e Isabel paterna. Elas continuam como uma antiga instituição das rotinas familiares e também das nossas virtudes como exemplo de retidão, auxiliando na nossa escolha como proceder na vida. São lembradas com carinho quando nos empanturravam de doces caseiros, prontas para saciar as nossas curiosidades. Não esquecemos os mimos e as respostas as nossas carências infantis.

Existe a vovó moderninha, que esconde a idade do primeiro neto a sete chaves para que suas amigas desistam de calcular quantos janeiros vividos ela tem. Mesmo assim, todas as vovós acreditam nas fórmulas milagrosas em busca da fonte da juventude. Participam dos eventos familiares aptas a aceitar a transição social à busca da plenitude do símbolo da autoridade testada no laboratório da vida, em forma do amor eterno distante do futuro que não acontece. Longe os tempos da velhinha abnegada que encontrava sempre tempo para ficar ao nosso lado quando o filho ou a filha queriam mostrar autoridade por qualquer pequena falha: como desaparecer sem avisar, quebrar copos, pratos de louça ou até mesmo não tomar banho na hora certa. Continua convicta da necessidade da ajuda espiritual para enfrentar as dificuldades inerentes a condição de “gatosa”. Leva a sério sua condição de paradigma da vovó ativa e saudável que se considera uma pessoa útil de idade avançada, sem esta da imagem distorcida e preconceituosa de coroca. É produto do tempo que gordura na panela era bom para a saúde e mulher “cheinha” era o desejo dos homens casadouros. Os tempos são outros bem mais complexos.

Crescemos amparados pela dedicação e na companhia da mamãe, papai, vovó e do vovô, hoje, tratados de você, “bicho” e os “velhos de lá de casa”. A sociedade avança e nos transforma em personagens do passado. Na história a culpa nunca é de um só lado. O jovem não se sabe as razões sempre têm dificuldade para respeitar os mais velhos A história é a história que dela se conta depois. Somos descendentes dessas gerações que trazem na bagagem a linhagem das desbravadoras dos tempos sem revista semanal, rádio ao ouvido, televisão e internet. Longe vão os tempos. Perto ficam as vovós abençoadas por Deus que criam laços de estima e ainda põe ordem na casa, uma verdadeira mestra que amamos e respeitamos. Difícil é compreender a eternidade desejada para elas, quando se sabe da ligação do dia-a-dia de cada uma e da ilusão do amanhã, que disfarça a realidade alimentada por um laço nostálgico entre o coletivo e singular, representando os vestígios recheados de minúcias sem nenhum sinal de impaciência de um registro decepcionante.

Quando se entra na alvorada do nada faz, a vovó sábia releva os segredos de como viajar no passado ao contar histórias do tempo do capeta aos netos e netas. Sempre vai existir entre novos e idosos a noção da cordialidade contestada neste intervalo de transição. Pode até mudar de atitude para continuar diferente. Não é fim. É o começo do novo tempo. Mas o diferencial é que ela é única.

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