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Os Engraxates II

PROFISSÕES E PROFISSIONAIS
Autor: Valmir Simões

Os Engraxates II

 

 

A escolha do ponto era primordial para ganhar a freguesia e não sei como conseguiam se manter apenas engraxando sapatos. Cadeiras rústicas feitas de madeira tomavam conta da frente dos bares da cidade, principalmente naqueles de maior movimento como os bares do Carlos e do Zé Dantas. Certos senhores não descuidavam da sua aparência pessoal e se apresentavam, geralmente, com roupas com tonalidade clara e os sapatos devidamente lustrados. As cores de preferência para os sapatos eram o preto, o marrom, e o famoso marrom e branco, muito usado e em moda naquela época, como demonstram as fotografias daquele tempo. Não podia faltar, também, o inseparável chapéu. Os engraxates mais antigos costumavam até pegar os calçados a domicílio.

Conheci vários, sempre tratados com apelidos engraçados que se perpetuavam no lugar dos nomes próprios. Naquela cadeira forrada com uma fina almofada, o cliente ficava por dentro das fofocas e notícias da política da cidade, pois, enquanto a escova corria para lá e para cá dando polimento no couro do calçado, a fofoca ia rolando. Dizem que o dia 26 de abril é dedicado ao engraxate, mas esse coitado nada tem a comemorar atualmente, pois se trata de uma profissão em extinção. Nas grandes cidades ainda existem lojas de engraxatarias, mas assim mesmo tem o seu movimento bastante reduzido. Será falta de tempo dos fregueses com o corre-corre do mundo moderno ou é a falência total dessa profissão? O material usado era tinta, pasta (graxa), flanela, escovas e pedaços de papelões para proteger as meias da tinta.

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