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Os Artistas de Itiúba

PROFISSÕES E PROFISSIONAIS
Autor: Hugo Pinto de Carvalho

Os Artistas de Itiúba

     

Eles não foram astros de cinema ou teatro, mas eram chamados “artistas”. Cada um desempenhava sua profissão com amor e dedicação, pensando mais na satisfação do freguês do que na própria remuneração. Foram pessoas que, com sua arte, ajudaram a desenvolver a cidade, numa época em que comprar coisas prontas era quase impossível. Foram vários, e aqui eu vou tentar lembrar-me, senão de todos, porém, dos que militaram no meu tempo. ARTUR TEIXEIRA: mecânico e ferreiro, era quem consertava os pouquíssimos carros da cidade e, de quebra, também consertava as famosas portas de ferro das lojas. Uma curiosidade: durante os festejos do carnaval era o primeiro a sair às ruas fantasiado de mulher. BANGO: fogueteiro que muito antes dos festejos do São João já começava a fazer os fogos para não faltar no mercado no auge das festas. Fazia várias espécies de fogos, porém, sua especialidade era mesmo a famosa “bomba de bater”. HORÁCIO PINTO: fogueteiro especializado em confecção de grandes bonecos de JUDAS para serem malhados no sábado de aleluia. Seus bonecos proporcionavam um bonito espetáculo pirotécnico em um pedestal previamente preparado onde o traidor de Cristo era queimado e estourado. NININHO FERREIRO: o homem que fazia e consertava todo tipo de ferramentas: pás, machados, colher de pedreiro, enxadas, espetos, facas, facões, estrovengas, ancinhos, martelos e marretas, com apenas uma velha bigorna e seu velho forno a carvão. NENÉM MARCENEIRO: de sua oficina saiam as portas, janelas, batentes, aduelas e mesas das casas, e ainda fazia os ataúdes para os mortos, ou “caixões de defuntos”, como eram mais conhecidos. BRANDÃOZINHO: o sapateiro que mais fazia sapatos por encomendas, principalmente para a meninada que frequentava a escola Góes Calmon. ARCELINO RIBEIRO: carpinteiro. Sua especialidade era produzir tábuas e vigas de madeiras de lei para confecção de móveis, utilizando-se de árvores nobres do próprio município. MESTRE NÉ: cabeleireiro. Além de cortar o cabelo de quase a totalidade da população masculina, infantil e adulta da cidade, ainda se valia do direito de contar anedotas e casos dos mais absurdos, só para entreter a freguesia. MESTRE QUITU: na arte das confecções fazia de tudo. De calças curtas para a criançada até os mais garbosos uniformes completos (as famosas becas) para os homens importantes da cidade.

Em homenagem à classe, existe merecidamente, uma rua no centro da cidade com o nome de “RUA DOS ARTISTAS”.

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