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Vavá Bom-no-Pó
PESSOAS
Autor: Max Brandão Cirne
Era um homem completamente esquelético. Os braços desafiavam a lógica por não possuírem músculos. Tentava ser simpático com as crianças. Naqueles tempos não existia muito essa coisa de pedofilia, de modo que os mais velhos brincavam com as crianças e nós confiávamos nelas.
Ele morava na casa aonde nasci na Rua do Alto, numa esquina, e que hoje pertence a uma minha irmã, também nascida lá na mesma casa. No tempo, pertencia ao senhor Antonio Castro, comerciante da cidade.
O Vavá-Bom-no-Pó apareceu em Itiúba, do nada. Diziam ter vindo da capital do Salvador e era envolvido com feitiçarias e adivinhações. Parecia um ser macabro. Havia muito mistério. Chamava a nossa atenção por ter o cuidado de distribuir balas de confeitos com a meninada, entre as quais o escriba, relatador da história. Era uma festa. Mas, não entrávamos na casa de modo e forma alguma. As crianças são precavidas e, mesmo na infância inocente, tomávamos algumas precauções.
Como se dizia, pé na frente, um pé atrás. E pronto.
Dificilmente avistávamos as pessoas que lá moravam. Eram pessoas taciturnas e cheias de segredos, daí todos atribuírem que vivia de fazer feitiços e bruxarias, evitavam serem vistas e não faziam amizades com a vizinhança, as pessoas diziam que atrás da porta da casa tinha uma negra de cera com um toco amarrado à cabeça. O universo infantil é deveras farto.
Eles sumiram como apareceram. Alguns diziam que eram ladrões, pois ninguém nunca os viu trabalhando embora viajassem sempre de trem em idas e vindas que se dizia e se acreditasse fosse para a Capital. Eles se escafederam e nunca mais se ouviu falar deles.
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