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Seu Jove
PESSOAS
Autor: Max Brandão Cirne
Quando eu o conheci, ainda era eu um garoto imberbe, lá pelas bandas de Itiúba. Refiro-me ao “seo” Jovem, homem de cabelos grisalhos, olhos, se não me engano, claros, mais ou menos biótipo americanizado. Usava uns óculos de aros prateados sobre o nariz e com sobrolhos, pacientemente a esperar no seu armazém que ficava aos fundos do Bar do senhor Carlos Pires, as peles que comprava para exportação. Ali “seo” Jovem recebia as peles de bois, bodes e carneiros que eram compradas no sábado, na feira, eram retiradas para, depois de secas, serem enviadas para a Capital. Era ele o exportador de peles para os curtumes na distante capital Salvador.
Pois bem, me recordo que “seo” Jovem era sempre visto no seu escritório, no enorme prédio, sempre as voltas com cálculos e contas que fazia, sempre escrevendo, não sei lá o quê, mas que jamais perdia a pose ou a paciência quando eu, ainda menino, adentrava as portas timidamente para pedir ao “seo” Jovem um pedaço de “sabão de pele”. O tal do “sabão de pele” era um produto extremamente tóxico que nós passávamos na pele do rosto e dos braços para exterminar o chamado “pano branco” que era nada mais, nada menos, fungos na pele que nos atacavam indiscriminadamente. O que realço é a refinada educação daquele homem, a boa vontade daquele homem, os bons modos de um homem que certamente vindo da Várzea Formosa, da zona rural, mas que espantava pela sua “finesse”, sua fidalguia impressionantes, que não se exasperava e, pacientemente entregava do seu estoque, aos meninos e às pessoas que lhe pediam, pedaços de ‘sabão de pele”, para que pudéssemos curar as manchas que surgiam periodicamente.
Quem conheceu “seo” Jovem sabe de quem estamos falando. Obrigado jovem “Jovem”.
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