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Seu Doutor Eu Sou Assim
PESSOAS
Autor: Piroca do Lino
Sou brasileiro de raça /Tudo que na vida passa /É uma lição para mim /Não estudei faculdade/ Mas só escrevo a verdade /Seu Doutor eu sou assim /Esta opinião é minha /A cidade de Serrinha Do nordeste é o portão /Posso estar correndo risco /Mas o Rio São Francisco /Pode ser o coração /O nordestino sofrido /Hoje chora arrependido /Do lugar onde nasceu /Seu Doutor eu fiz um teste/ A miséria do nordeste /Quem sabe contar sou eu /Sou da terra da embirra /Do gravatá macambira/ Da jurema e do cipó /Da palmatória umbuzeiro /Do pau-pedra e do inço /Já comi bicho do mato /Caititu raposa e gato /Papa-mel e guaxinim /Jiboia, tatu e gambá/ Saruê tamanduá /Seu Doutor eu sou assim /Já comi bró com feijão /Teiú e camaleão /No leite do ouricuri /Até caroço de jaca/Caruru língua-de-vaca /Muçum sarapó cari /Eu já dormi no relento/ Sujeito a frio e vento /No inverno e no verão /Veja bem na minha cara/ Minha cama era de vara/ Muitas vezes dormi no chão/ Eu me criei no deserto /E observei de perto /A vida dos animais/ Conheço desde pequeno/ A cobra que tem veneno /E as plantas medicinais /Já morei em uma caverna/ Ficou preta a minha perna /Chupada de muruim /Toca de morcego e rato /Muquirana e carrapato /Seu doutor eu sou assim /Doutor fique descansado /Que este pobre coitado /Nunca vai lhe aborrecer /Pois quem nasceu no sertão /Do dinheiro da nação/ Não tem direito de comer/ Deixe eu desempregado /Se eu sou descamisado/ Pode ser pelo destino /Não me dê cama e nem rede /Só quero que mate a sede/ Deste pobre nordestino /Seja mais humanitário /Pobre que não tem salário /Tá sujeito a morrer /Se você tem compaixão/ Dê água trabalho e pão /Prá este povo viver /Sou um poeta sem preço /E se quer meu endereço /É Itiúba Bahia /Anote no seu caderno /Sou da Gruta do Inferno /Na Serra da Melancia /Sou um semi-analfabeto /Sou tímido mas sou direto /Que seja bom ou ruim/ Confio em Deus e sou forte/ Desafio a própria morte /Seu doutor eu sou assim,,,
(NOTAS DO SITE: 1) O Piroca do Lino completou 100 anos no dia 31 de julho de 2007. Natural de Itiúba, foi lavrador, vaqueiro e poeta popular. Embora nunca tenha frequentado uma escola, escreveu vários romances, na forma de abecê, que nunca foram publicados. Homenageando a passagem do seu centésimo aniversário, a ONG Serra de Itiúba publicou um abecê com versos do Piroca e do seu filho Raimundo. Desse abecê extraímos os versos que estão publicados nesta página, homenageando, também, o centenário poeta popular itiubense.
2) O Piroca do Lino faleceu no dia 08/09/2007).
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