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Queixinho - O Bom Malandro

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Autor: Max Brandão Cirne

Queixinho - O Bom Malandro

         

Quem viveu em Itiúba sabe muito bem quem foi o “Queixinho”. Malandro assumido, “bom vivant”, jamais alguém soube ter ele exercido alguma função, desenvolvido um trabalho ou desprendido uma só gota de suor para ganhar o pão nosso de cada dia. Exímio jogador de sinuca, jogador de baralho e compulsivo malandro vinte e quatro horas, Queixinho era o protótipo do desocupado que fugia do trabalho como o diabo foge da cruz. Sabia fazer alguns truques de mágicas baratas como aquele de transformar papel em dinheiro. Cachacista juramentado, era raramente visto de cara limpa. Exercia as funções de “prendedor de louco”, toda vez que era solicitado pelo delegado e pelo soldado Zé de Souza, especialmente quando era para prender o louco Cassiano, negrão da tapera, que não respeitava, na sua loucura, a ninguém. Obedecia ao Queixinho como se fosse uma criancinha, deixando-se conduzir até o xadrez local. Muitas vezes o Queixinho era preso por arruaças e pequenos delitos. Como era um prestidigitador exímio, tão logo era preso, aparecia na cidade. Levava o cadeado do xadrez para mostrar a cidade. Um assombro. Xadrez nenhum o segurava. Pelo menos o de Itiúba. Todos diziam que o queixinho “tinha pauta com o demo”. Desavenças com certa família levou a que retalhassem o Queixinho a facão, bem ali na frente do Bar Central do senhor Carlos Pires. Escapou. Dizia-se que haviam lhe quebrado “a pauta e que sua madrinha catimbozeira” o havia esquecido e o desprotegido. Queixinho foi morar em Serrinha, cidade próxima. Vi-o poucas vezes, mas nem de longe se parecia com aquele malandro com certo romantismo dos meus tempos de criança. Apenas um homem que se lamentava da vida perdida e malbaratada que tivera. Nunca mais retornou para Itiúba. Os malandros não são eternos.

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