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Meu Inesquecível Amigo Isnar

PESSOAS
Autor: Fernando Pinto de Carvalho

Meu Inesquecível Amigo Isnar

Meu Inesquecível Amigo Isnar

Havia um amigo meu, o Isnar, desses sujeitos que carregam no semblante um jeito travesso e cativante. Era impossível passar despercebido, com seu topete enorme, tão cuidadosamente armado à la Elvis Presley, que desafiava até a gravidade. Ah, o Isnar tinha manias e talentos inusitados: sua voz moldava-se em notas e tons para imitar, com precisão quase cubana, os sucessos de Bienvenido Granda. "Tu Precio", "Non me digas nada" e outras melodias ecoavam pelas ruas, e, não raro, arrancavam suspiros de moças encantadas.

O Isnar gostava mesmo era de impressionar as mulheres. Quem o via passeando com sua máquina fotográfica pendurada ao pescoço pensava tratar-se de um artista de lentes ágeis, capturando a beleza das jovens que atravessavam seu caminho. E ele era cheio de lábia: prometia retratos dignos de revistas. As moças, vaidosas e esperançosas, posavam para a câmera como divas de cinema.

Mas havia um segredo. Os retratos, sempre tão aguardados, nunca viam a luz do dia. "O filme estragou", dizia ele com um sorriso desarmante, ou "tive um problema no laboratório". As desculpas eram tantas e tão criativas quanto seus versos cantados.

Até que um dia, o inevitável aconteceu. Incentivadas pelos rapazes da rua, um grupo de moças destemidas conseguiu pôr as mãos na tão misteriosa máquina. Isnar bem que tentou, mas não havia charme que o salvasse. Foi nesse momento que a verdade veio à tona: a câmera estava vazia, nenhum filme, nenhuma promessa de retrato.

 

A revelação foi um golpe. O pobre Isnar, viu seu prestígio como conquistador desmoronar como seu topete em um dia úmido. Desde então, deixou de circular com a máquina, mas continuou a cantar, agora incluindo no seu repertório, músicas de Elvis Presley que ele cantava e dançava, imitando com perfeição o grande ídolo mundial. As histórias sobre ele continuaram, tornando-se lendas que, como as músicas de Bienvenido Granda e do Elvis o tempo jamais apagará.

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