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Manu, o Arrancadente

PESSOAS
Autor: Max Brandão Cirne

Manu, o Arrancadente

 

Quando criança, lá nos sertões de Itiúba existia um sujeito apelidado de Manu e de todos, conhecido, vindo da Região da Cajazeira, que se estabeleceu com uma sortida casa comercial. Manu tinha correlatamente a profissão de arrancador de dentes. As pessoas, na falta de um dentista regularmente, formado e estabelecido, nas horas de dores, procuravam o Manu que presto, aplicava uma ou duas anestesias e, zás! Arrancava o dente do sujeito. Na minha curiosidade de menino, fui ver muitas vezes, pois era feita a extração ao lado do balcão aonde vendia cereais e cachaça. Ali mesmo sem dó e sem piedade. Tenho uma irmã que chegou a arrancar um dente com ele. Ocorre que, até hoje, ela fala do desastre, pois o Manu arrancou o dente errado e, portanto, são.

Ficava na zona boêmia de Itiúba, apelidado de Beco do Quebra Faca. Por motivos óbvios é de ser entendida a razão do apelido da rua, não? Porém, durante o dia podia ser livremente transitado, pois, como se dizia antigamente, as “mariposas” precisavam descansar para a labuta de se entregar e dar prazer a noite aos frequentadores. Manu arrancou muitos dentes, menos os meus. Sempre tive excelente dentição que me acompanha até hoje aos 67 anos. Dizia-se que a razão era por eu consumir muito leite de vaca puro e sem batismo (água no leite). Manu sei, continua vivo e continua comerciante, dizem que o mais rico da cidade. Mas, não arranca mais dentes. Aposentou-se ou cansou das bocas.

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