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Danduzinho e os Anjos Perdidos

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Autor: Valmir Simões

Danduzinho e os Anjos Perdidos

 

Chegando, certo dia, à Alfaiataria do Joãozinho, encontrei o Boca, o Zuca e o Pedrinho Capitão. Debaixo do balcão que servia de mesa de corte para os tecidos repousava, tranquilamente, um litro de conhaque Castelo, sal e caju. Por vezes um abaixava, dava uma dentadinha no caju com sal e tome conhaque para dentro. Todos conversando e dando boas gargalhadas. O Pedrinho, exímio alfaiate, andava para lá e para cá, com uma fita métrica no pescoço, cuidando dos alinhavos de um paletó prestes a ser entregue ao dono. Ao lado, um velho ferro de passar, movido a carvão, que necessitava sempre de um sopro dado pela parte traseira, para manter as brasas acesas.

De súbito, aparece cambaleando o Danduzinho do Neném Marceneiro, com um pacote debaixo do braço molhado pelo suor e perguntaram: - Aí! Hem? Ganhou um presente! Ele retrucou: - Presente uma ova! Isto aqui são os enfeites para o caixão de defunto que o velho meu pai tá fazendo, pois, ainda vai para o Adro na Serra da Itiúba e o enterro é hoje à tardinha. Aproveitou que a bebida era de graça, tomou mais umas duas e seguiu lá para a Rua da Estação. Pouco tempo depois chega abafado perguntando se os anjos não tinham caído na Alfaiataria, pois o seu pai estava para entrar em desespero porque, ao abrir o pacote dos enfeites do caixão, deu por falta dos anjos. Resultado: o Edvaldo Andrade havia encontrado os tais anjinhos, nas proximidades da porta da Prefeitura e, por sorte, deu de cara com o Danduzinho que, ao saber do achado, ficou saltitando de alegria e disse: - Agora, toda vez que for comprar enfeite de caixão, não tem quem me faça tomar nada! A turma da Alfaiataria deu muita risada do coitado do Danduzinho, que saiu a toda para que o caixão ficasse pronto a tempo.    

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