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A Praça da Matriz Silenciou

PESSOAS
Autor: Egnaldo Paixão

A Praça da Matriz Silenciou

                                 

O CENTRO CULTURAL DA PRAÇA DA MATRIZ SILENCIOU. Depois de quase noventa e quatro (94) anos de vida útil e bonita, o velho Guilherme, foi embora desta vida para a outra, sem se despedir de nós. Aliás, foi o melhor que ele fez... se tivesse que se despedir dos amigos, dos colegas, da família, talvez doesse muito para ele..., talvez contrariasse a vontade de Deus, e ficasse teimando em não querer partir. E não queria ir embora porque, como todo bom artista, velho Guilherme amava viver com intensidade. Era bom músico e tinha enorme prazer em tocar. Depois de quase noventa e quatro (94) anos, o velho partiu... De uma coisa tenho certeza: é que mesmo na agonia da morte, Guilherme teve consciência do dever cumprido. Afinal, constituiu uma família e deu a todos educação e um bom exemplo de vida. A nenhum deles faltou com o sustento diário. E quando ficaram os filhos independentes, foi aí que este mestre da vida, aproveitou para se dizer: "agora vou viver a liberdade do artista, vou tocar e cantar livremente porque Deus me fez para ser assim..."

Eu costumava dizer que aqui em Itiúba nós tivemos alguns pontos culturais... e dentre esses, dois descortinaram maiores horizontes: a Sapataria do Jipe e a Tenda do velho Guilherme. Mais do que pelas profissões de artesãos, seus ambientes sobressaíram com a boa música, o bom papo, a boa pinga, a grande alegria de viver e cantar... O Centro Cultural da Praça de Matriz silenciou ontem e talvez ali não se ouvirá mais uma sanfona, um pandeiro e um cavaquinho. Fica, por enquanto, o Centro Cultural do Jipe. É lá onde iremos homenagear Guilherme. É lá onde iremos cantar para ele um hino de simplicidade à vida. Se der saudade... se der saudade, uma boa pinga nos salvará de tudo... 

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