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O Armando do João do Rio

PERSONAGENS POPULARES E COMUNS
Autor: Fernando Pinto de Carvalho

O Armando do João do Rio

 

Armando era um homem muito inteligente, extrovertido e exibicionista. Foi locutor da Rádio Cultural de Itiúba e goleiro da seleção local de futebol. Falava bem o inglês e não tão bem o espanhol. Como locutor, falava rápido e com ênfase, estendendo as palavras (Armaaaaando Riiiiios) e, às vezes, apresentava algumas tiradas inteligentes. Como goleiro, era o mais espalhafatoso e gozador que poderia existir. Irritava os atacantes adversários com suas incríveis gozações, chegando algumas, a beirar o ridículo, como quando ele baixava o calção para mostrar o traseiro aos atacantes que perdiam gol certo. Como poliglota, era um perfeito exibicionista, falando inglês até com alguns pobres coitados que nem o português sabiam direito. Mas era uma pessoa alegre, comunicativa, brincalhona, um bom papo, que se dava bem com quase todo mundo, quando não estava embriagado.

Certa vez, eu viajei com um grupo, do qual Armando fazia parte, que foi a Feira de Santana participar de um bingo de carros. Quase todos levavam apenas o dinheiro suficiente para um almoço e, quando chegamos lá, soubemos que a realização do bingo havia sido adiada para três dias depois. Armando, então, passou a liderar o grupo na reivindicação de uma indenização por parte dos organizadores do bingo que haviam adiado repentinamente a sua realização. Na frente, ele colocou um tal de Zezão Doce, que tinha uma presença de estrangeiro culto e abastado, mas que não sabia nem falar direito. A orientação era a seguinte: o Zezão iria à frente, mas não falaria nada. Armando dizia: "Pelo amor de Deus, Zezão! Não abra boca!" Ele, Armando, falaria com as autoridades. E não é que deu certo? Fomos indenizados, comemos, fizemos farra e voltamos felizes, mas sem os carros que pretendíamos ganhar no bingo.

Armando continuou na sua vida de farras até o dia que morreu em Ponto Novo, uma cidade vizinha de Itiúba. Dizem que foi num bar, como ele queria. Baixou a cabeça sobre a mesa e expirou quietinho. Quando foram "acordá-lo", estava morto.

Armando era um homem único, com um jeito próprio de ser. Era inteligente, extrovertido, brincalhão e exibicionista. Era também um bom locutor, goleiro e líder. Era um homem alegre e comunicativo, que se dava bem com quase todo mundo. Mas também tinha um lado sombrio, que o levava a beber demais e a se meter em confusões. No final, sua vida acabou sendo ceifada pela bebida.

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