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Coca era o apelido de um jovem itiubense conhecido por sua desinibição, intromissão e inteligência. Como tantos outros rapazes da cidade naquela época, ele foi forçado, pela falta de oportunidades de emprego, a deixar sua terra natal e tentar a sorte em São Paulo, a grande metrópole que prometia um futuro melhor.

Após alguns anos vivendo na cidade grande e sem dar notícias à família, Coca finalmente escreveu aos pais, informando que retornaria para casa acompanhado de sua irmã, que também residia em São Paulo. Ele especificou o dia de sua chegada e pediu que os pais os aguardassem na estação de trem.

No entanto, algo inesperado aconteceu. No dia marcado, os pais receberam um telegrama assinado pela filha, informando que Coca havia falecido durante a viagem e pedindo que todos fossem à estação para recebê-lo. A notícia devastadora mergulhou a família em desespero e tristeza, mas, mesmo assim, todos se dirigiram à estação, tomados pela dor.

Quando o trem finalmente chegou, a surpresa foi absoluta. O primeiro passageiro a descer foi o próprio Coca, vivo e sorridente, como se nada tivesse acontecido. A tristeza rapidamente deu lugar à alegria e ao alívio. Foi então que a verdade veio à tona: o próprio Coca havia enviado o telegrama em nome da irmã, criando toda a comoção.

Quando os ânimos se acalmaram, a família, ainda perplexa, perguntou a Coca por que ele havia cometido tamanha loucura, que poderia até ter causado um infarto em seus pais. Com sua habitual franqueza, ele respondeu:

— Passei mais de cinco anos em São Paulo e estou voltando sem um tostão no bolso. Por isso, me considero um homem morto.

Essa resposta, ao mesmo tempo trágica e cômica, refletia a personalidade única de Coca, que, mesmo em situações difíceis, conseguia transformar o drama em uma história inesquecível. Assim era ele, um personagem que deixou sua marca na memória de todos que o conheceram.