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A Lenda da Rainha das Cobras

LENDAS DE ITIÚBA
Autor: Fernando Pinto de Carvalho

Dizia a lenda que, em uma fazenda chamada Cajá, situada na pitoresca região de Itiúba, Bahia, vivia uma senhora de coração bondoso e extraordinária resiliência. Com mais de oitenta anos, ela carregava consigo um dom misterioso: era completamente imune ao veneno de cobras. Segundo relatos, foi picada 29 vezes por serpentes letais, como cascavel, jararaca, coral e jaracuçu, sem jamais sofrer qualquer dano à sua saúde.

A curiosidade sobre o fenômeno que a envolvia era constante. Quando perguntada sobre a razão de ser alvo das perigosas criaturas, a camponesa respondia com simplicidade e humildade que não fazia ideia. O mais intrigante era que, mesmo estando cercada por outras pessoas em sua casa ou em qualquer lugar, as cobras pareciam sempre escolhê-la. Era como se houvesse uma atração inexplicável entre ela e os ofídios.

Esse fato era considerado um verdadeiro enigma, pois todos sabiam que o veneno de qualquer uma das serpentes mencionadas poderia tirar a vida de uma pessoa comum em questão de minutos. Assim, surgiram várias teorias para tentar explicar sua resistência. Alguns acreditavam que a senhora era uma feiticeira, protegida por um pacto com os espíritos da floresta, garantindo sua imunidade. Outros, mais poéticos, defendiam que sua bondade e gentileza eram tão profundas que as cobras a respeitavam e, de alguma forma, a poupavam de sua letalidade.

Independentemente da origem de tal habilidade, um fato era incontestável: ela viveu uma vida longa e saudável, sem jamais ter sido prejudicada por uma cobra. Cercada pelo amor de seus netos e bisnetos, faleceu em paz aos 90 anos, deixando um legado de mistério e admiração.

Até hoje, sua história é transmitida de geração em geração na região de Itiúba. Muitos ainda acreditam que ela possuía algo mágico e, em momentos de medo, dizem que basta pedir ajuda à bondosa senhora para que ela ofereça sua proteção, onde quer que esteja. Sua memória permanece viva, como uma lenda que entrelaça fé, encanto e um toque de sobrenatural.

(Nota do Autor: o texto acima é uma adaptação para o formato de lenda, do conteúdo da crônica Fenômeno de Hugo Pinto de Carvalho, publicada neste site)