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O Punhal do Jagunço

LAMPIÃO EM ITIÚBA
Autor: Valmir Simões

O Punhal do Jagunço

 

Certo dia dois amigos do meu pai que residiam na região da Pedra Solta, ao chegarem à cidade, foram a nossa venda e o chamaram para ir até o depósito, pois queriam mostrar uma verdadeira relíquia que traziam enrolada em um saco de calhamaço, em um boca-pio, pois se tratava de uma arma proibida. Como eles tinham conhecimento que meu pai naquela época adorava comprar armas, foram de imediato mostrar para ver se era do seu interesse. Tratava-se de um enorme punhal, com o cabo cravejado de pedras de pouco valor, mas que enfeitavam, tornando a peça muito bonita. No final do cabo tinha uma parte que era rosqueada e quando removida apresentava um orifício de uns três centímetros de profundidade. A informação que deram da peça é que era de um dos jagunços mais confiáveis de Lampião e aquela tampa no cabo, servia para guardar veneno. O meu pai não quis comprar, mas indicou um político da cidade, que poderia comprar o punhal, pois ele adorava essas novidades. Os amigos saíram e alguns dias depois apareceram por lá e informaram que venderam por muito mais do valor que pediram, pois mandaram uma comadre sua costurar na mão um saquinho de pano preto e colocaram uma oração que os dois fizeram na hora informando que era para fechar o corpo contra bala e facada, que ficava invisível quando orasse. Uma mentira que deu certo, para valorizar o preço do punhal, que de Jagunço não tinha nada.

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