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O Buraco da Vovó

GEOGRAFIA E PAISAGENS
Autor: Max Brandão Cirne

O Buraco da Vovó

                                                                 

Belos tempos aqueles em que “o buraco da vovó” era apenas uma reentrância encravada na rocha sólida, formando um paredão que se desenhava contra os céus, nos sertões de Itiúba. Não aquela reentrância das vovós modernosas se exibindo em calendários pseudos modernos em que as vovós que se apresentam em trajes adâmicos, despudoradas, relapsas e absolutamente envaidecidas pelos falsos elogios das suas pudendas partes, outrora chamada íntimas, porém, secretas. Refiro-me aqui e agora para os incautos aqueles tempos em que existiam verdadeiros observadores do tempo, ensinados e aprendidos, acostumados e calejados na prática diária e na observação, desvendando fenômenos primários da natureza, tal o aproximar-se das chuvas e das estações.

“Buraco da vovó” era então, e digo “era”, porque não sei se ainda as pessoas assim conhecem ou chamam, não passava de uma reentrância na montanha de pedra bruta, na “Serra do Encantado”, fazenda do senhor, hoje finadíssimo Ademir Simões, formando uma concavidade aonde, pela abaulada pedra, ficava retida a névoa por dias e dias. Quando acontecia, era sinal, pelo menos para os sertanejos locais, de que teríamos um ano de chuva e de muita fartura. A neblina trazia um pouco de frio e quedas na temperatura, e os olhares de todos para lá se dirigiam para ver aquele mundo de brancura se desprendendo lentamente enquanto o sol lançava sobre o buraco seus raios. Era um espetáculo de simplicidade. Fugaz, desaparecia demorando-se poucos dias. O “Riacho da Grota” se enchia, lambaris subiam e desciam na sua temporalidade pelo pasto do Valadares e os meninos acorriam para apanhar pequenos peixinhos                                             

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