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O Jaraguá
FOLCLORE
Autor: Valmir Simões
Denominava-se “Jaraguá”, uma brincadeira muito engraçada realizada nos dias de festas. Não tenho a menor ideia de quando ela surgiu e há quanto tempo. Certa vez encontrava-me em frente ao Abarracamento (residência de funcionários da estrada de ferro), conversando com alguns amigos, quando surgiu um Jaraguá, vindo do Bairro do Alto, correndo atrás de crianças e fazendo uma gritaria infernal. Parou próximo de nós para descansar e tirou a fantasia composta de uma longa túnica roxa, uma caveira de burro e dois espelhos pequenos e redondos que formavam os olhos. Na túnica existia uma pequena fenda para se poder enxergar. Para movimentar a boca da caveira colocava-se uma mola espiral entre os maxilares e prendia-se um cabo de vassoura a um deles. Quando o cabo de vassoura era movimentado, parecia que a caveira estava querendo morder quem se aproximava. Quando estávamos observando aquele monstrengo, chegou ao local o “Gato”, filho de D. Casimira Fateira, que residia na Rua do Fato e era uma pessoa por demais conhecida na cidade. Nesta época ele ainda não fora acidentado e ainda tinha as duas mãos. Ele era sempre muito alegre quando bebia. Insistiu com o dono do Jaraguá para deixá-lo vestir aquele trambolho. O dono do Jaraguá acabou concordando e deu as orientações necessárias. A túnica ficou muito grande para o “Gato” e ele tinha que correr segurando a caveira com uma mão e com a outra a túnica. Acabou se embaraçando, caiu e rebentou a cara. Levantou com raiva, puxou uma faca que levava na cintura e com ela rasgou toda a fantasia do Jaraguá. O dono do equipamento ficou mais enraivecido ainda, saltou em cima do “Gato” e bateu nele até cansar. E, assim, o “Gato” teve a cara quebrada duas vezes no mesmo dia.
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