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O Bumba meu Boi

FOLCLORE
Autor: Herbert Pinto de Carvalho

O Bumba meu Boi

Quando menino sempre acompanhava a festa do Bumba meu Boi em Itiúba. Não sabia separar o profano do sagrado, bem como o que significavam as danças do Rei e seus comandados, todos vestidos com roupas que imitavam a Corte Imperial e usavam espadas de madeira como armas, porém, entendia o Vaqueiro Mateuzinho e seus assistentes, tão bem caracterizados.

Todos os componentes eram moradores da Fazenda Tapera. Os tambores com ritmos cadenciados iniciavam a festa em volta do BOI que sabia até dançar. Tudo tinha início no mês de junho com os festejos de Santo Antônio, São João e São Pedro. Do folclore sertanejo essas representações populares que, ao vivo, contavam a história do fazendeiro dono do boi. Este boi, para os que não viram, era uma estrutura de cipós, com uma ossada limpa da cabeça de um touro grande, coberto com tecido estampado, que dava a impressão do boi de verdade. Seu condutor, uma pessoa forte, ficava escondida embaixo da armação de madeira, pronto para receber as ordens do Vaqueiro Mateuzinho. Depois que juntava muita gente em volta do cortejo, o vaqueiro Mateuzinho, com uma espada de pau, matava o Boi e assim chegava-se à hora da divisão, que em tom de lamento dizia: eu matei este boi, foi no meio do caminho, e é chegada a hora para dividir com vizinhos.   Um pedaço do pé é do senhor Casé. (o povo respondia cantando congo liar) Um pedaço do rim eu não dou que é para mim. (congo liar). A tripa gaiteira é da mulher fateira. (congo liar). O cupim vai para o Quinquim. (congo liar). Um pedaço do bofe é do Anfilófio. (congo liar). O pedaço do fígado é para os amigos. (congo liar). Um pedaço da mão e do senhor Romão. (congo liar). O couro vai para o vaqueiro Besouro. (congo liar). Um pedaço da nuca é para o Banduca. (congo liar). E a passarinha é de D. Zefinha. (congo liar). Um pedaço da pá é do Pedro Cajá. (congo liar). E para o "seu" Delegado deixo os dois bagos. Ei bumba meu boi. Eram dezenas de pedaços do boi, não somente esses acima.   Quando terminava a cantiga das oferendas, o danado do Boi, que fingia de morto, levantava, sacudia a poeira e o chocalho. Logo de pé partia para cima da meninada, que por sua vez corria de medo. Em seguida o Boi retorna a praça pelo chicote do Vaqueiro. Aí começa a despedida, com todos os participantes nas suas posições cantando e saindo para outras ruas. Esta tradição, que vem desde 1791, sempre em louvor a natureza e personagens conhecidas na região, desapareceu da nossa cidade. Uma pena. Divertida e válida para hoje e para sempre, esta brincadeira do Bumba Meu Boi itiubense, deixou muita saudade.    

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