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O Boi da Tapera

FOLCLORE
Autor: Fernando Pinto de Carvalho

O Boi da Tapera

 

Durante o mês de junho, o célebre Boi da Tapera encantava a cidade com suas apresentações vibrantes. Essa celebração popular e folclórica era ansiosamente aguardada pelo público local e fazia parte dos tradicionais festejos juninos. O espetáculo, ainda que simples, transbordava beleza e emoção.

Após muitos cânticos e danças que aqueciam a atmosfera, o vaqueiro encenava uma luta épica contra o boi, até, enfim, "derrotá-lo". Em meio a risos e criatividade, ele dividia, de forma cômica, as partes imaginárias do animal entre as figuras mais ilustres e conhecidas da cidade, sempre caprichando nas rimas que arrancavam gargalhadas de todos. Quando a exibição terminava naquele bairro, o ritual ganhava um toque de mistério: com as preces do Curandeiro, o boi era "ressuscitado", e todos seguiam para outro local, onde o espetáculo recomeçava, renovando a magia.

 

Contudo, em certa ocasião, algo inesperado ocorreu. O boi permaneceu imóvel, mesmo após as longas e fervorosas orações do Curandeiro. Gritos e batidas tentaram trazê-lo de volta à vida, mas nada parecia surtir efeito. A perplexidade tomou conta da plateia até que alguém, curioso, ergueu a armação do boi. Foi então que descobriram o motivo do impasse: o homem responsável por conduzir a estrutura durante a apresentação estava desmaiado, profundamente adormecido, e ainda segurava uma garrafa de cachaça em sua mão. Ele, sendo o único treinado para a função, deixou a todos sem opção, e, por conta disso, não houve mais nenhuma apresentação naquele dia. Apesar do imprevisto, a história ficou gravada na memória de todos, tornando-se parte das lendas que cercam o Boi da Tapera.

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