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Umbuzeiro, a árvore Símbolo da Bahia
FLORA E FAUNA
Autor: Humberto Pinto de Carvalho
Ano passado o umbuzeiro obteve reconhecimento popular e oficial através da Secretaria de Meio Ambiente do nosso estado. Numa pesquisa de opinião obteve o primeiro lugar como a árvore símbolo da Bahia, deixando em segundo o jacarandá, em terceiro o jequitibá, em quarto o buriti, em quinto o juazeiro e em último e sexto o piqui. Sua importância já havia sido mencionada pelo escritor Euclides da Cunha, quando afirmou, que: “o umbuzeiro é a planta sagrada do sertão”.
Nós itiubenses sabemos da sua resistência e capacidade de armazenar água em suas raízes adaptadas a desafiar as estiagens desta região do semi-árido. Quando sente falta d’água perde todas as folhas e passa a depender da chamada batata-do-imbu. Voltam a renascer as folhas nas primeiras chuvas das trovoadas. Por esta e outras, é que tem vida longa de cem anos, contribuindo com seus frutos e folhas na alimentação de animais e pessoas no período das secas. Também é notório que, a cada safra, de janeiro a março, conhecido como período da força do imbu, vem definhando a produção dos frutos verdes, “de vez” e maduros. É sabido que existe lei proibindo a derrubada do umbuzeiro, porém, com a chegada de fazendeiros vindos de outras paragens, que por desconhecer ou, quem sabe, por conveniência, cortam esta árvore símbolo para fazer carvão. Um crime ambiental, sem nenhuma punição até agora. Urge desenvolver um simples plano de replantio com mudas enxertadas que em cinco anos começam a florar, encurtando sete anos das plantas nascidas naturalmente.
Deus tudo criou e cabe a nós apenas dar nome às coisas. Os seus frutos são conhecidos do norte de Minas Gerais ao Piauí como: umbu, ambu e ombu ou imbu, a corruptela da palavra tupi-guarani y-mb-u, que significa “árvore-que-dá-de-beber. Plantar estas árvores nativas que nascem se retorcendo para amenizar o sol escaldante do sertão é um ato de fé depositado na sabedoria, que vai corresponder e produzir frutos por muitos anos, com ou sem chuva na caatinga e garantir a sobrevivência neste ambiente hostil. Para relembrar apenas quatro das muitas iguarias com base neste fruto: umbuzada, com leite e açúcar cristal, zupi, umbu “de vez” com farinha de mandioca e leite tirado do peito da vaca direto para o copo, o doce de umbu verde e pirão “mata-fome” com umbu verdinho, sal e farinha cozido em fogo lento. Experimentei quando tinha 12 anos. Ao sair da Fazenda Várzea Formosa do meu avô paterno Manoel Lopes de Carvalho para caçar e fiquei perdido no mato das oito às vinte horas, quando finalmente encontrei uma casa habitada por um senhor de avançada idade, que me ofereceu água e o pirão delicioso, ainda mais, quando preparado por uma pessoa humilde e tão gentil. Lembro de outro episódio verdadeiro, ocorrido no ano de 1950. Nunca esqueci o dia que um rapaz itiubense, ao completar dezoito anos, resolveu largar a barra da saia da mamãe. “Arrumou os panos de bunda” e seguiu para São Paulo, a procura de dias melhores. Por lá ficou cerca de cinco anos, até que a saudade apertou e largou tudo. Voltou à terra natal. Quando desembarcou na Estação do Trem, sua querida mãezinha lá estava aguardando “o paulista”. Ao vê-la ele gritou: lá vem a mamãe toda sacaneada de vermelho e saiu para o abraço. Um espanto para época debochar assim da mãe. Para completar suas proezas, foi passear na feira com os parentes e amigos e quando olhou e viu um saco de umbu, não se conteve e perguntou: é a fruta bu-bú?. Prova inconteste de que o umbu vai continuar recebendo outros nomes até desaparecer do sertão itiubense, pela imprudência humana.
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