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Sexta-feira Santa
FESTAS
Autor: Hugo Pinto de Carvalho
Em Itiúba, até a década de 1960, a sexta-feira Santa - ou sexta-feira da Paixão - em que os cristãos lembram a condenação e a crucificação de Cristo, era tão respeitada pela população local que, nesse dia, praticamente nada funcionava na cidade. O comércio não abria as portas, nem mesmo a única farmácia de D. Ziru; os trens não apitavam, os carros não buzinavam, os sinos da igreja, da estação férrea e do cemitério não badalavam, ninguém, nem mesmo os vaqueiros ousavam usar qualquer montaria, não se ordenava o gado para tirar o leite, não eram queimados qualquer tipo de fogos de artifícios, os serviços de alto-falantes da Rádio Cultural e do Cine Itiúba ficavam mudos e, embora a filarmônica 2 de julho acompanhasse a tradicional procissão com todos os seus músicos fardados e com seus instrumentos musicais inclusive, desfilava em silêncio em respeito ao Senhor Morto. Também, nesse dia, todas as crianças eram levadas às casas de seus padrinhos para pedir suas bênçãos, e como o senhor Pombinho Pinto tinha mais de 200 afilhados, era comum se vê grandes filas de garotos e garotas e até adolescentes à porta de sua casa durante todo o dia.
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