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A Feira
FEIRAS E EXPOSIÇÕES
Autor: Max Brandão Cirne
Era como num passo de mágica. Feérica, vistosa, mágica. Não será exagero de dizer que todos se vestiam para ir até a Feira. Era quase que magia. Não era aquela coisa de compras e vendas, de trocas e escambos, mas de experiências, de afetividades, de experiências novas e de aprender mais. Tudo para falar sobre a grande e única feira que existia em Itiúba, que era realizada a partir da frente da Igreja Matriz se estendendo até as imediações do velho Açougue Municipal. Não era lá grande nem se perdia na imensidão, mesmo porque a cidade crescia par em par com as necessidades. Assemelhava-se as velhas eiras tanto da Baixa Idade Média quanto na Alta Idade Média. Em Itiúba podia-se dizer: a feira era um verdadeiro teatro ao ar livre. Num canto da Praça vetusta, um vendedor de remédios como de peixe-elétrico, tentando vender seus produtos, ora passando um pouco da poção mágica sobre a palma da mão e pedindo que o sujeito cheirasse imediatamente o outro lado da mesma palma da mão, constatando o odor que atravessara a carne. Coisas que enganavam o mais ladino dos tabaréus. Do outro lado, entre cestos de farinha e rapadura do São Francisco, um repentista, viola em punho, desafiava o outro, em versos plangentes, dedilhados às suas violas. Na velha bodega sanfoneiros rasgavam com seus foles o mais autêntico forró pé-de-serra. Pandeiros, reco-recos, agogôs e violões. No outro, um ventríloquo ostentando seu preto e retinto boneco de nome Benedito fazia as pessoas darem risadas maravilhosas. Mais daquele outro lado o vendedor de “literatura de cordel” entre um gole e outro de cachaça lia “ABCs”, contando histórias de príncipes, reinados e mulinhas, de dores do coração, dos Malasartes, dos “Bocagens”, dos Pavões Misteriosos, dos Bois Encantados, numa fervilhança sem limites de atrações. Ainda daquele outro lado ali um homem cuspindo fogo, tentando chamar a atenção dos circunstantes até que se forma uma roda para ouvi-lo vender suas pílulas. Esforçados gritam. Outros conseguem usar pequenos e adaptados microfones pendurados aos pescoços e cobertos, espécie de filtro, cantando e chamando pessoas, e, assim, venderem suas pastilhas “bom para tudo e cura tudo”, embora feitas de farinha de trigo como se dizia. Como era bonita a minha Itiúba...
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