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A Prova dos Noves

ESCOLAS
Autor: Valmir Simões

A Prova dos Noves

 

Quando era garoto estudei na escola particular da professora Juju que funcionava nas dependências existentes no quintal da residência do Sr. Josias Carvalho (cunhado da professora). O ensino, naquele tempo, era encarado a sério e os alunos respeitavam e obedeciam muito os professores. Na escola da professora Juju, como em todas as outras, existiam procedimentos que hoje em dia (mas não naquela época) achamos engraçados:

a) Para o aluno ir ao sanitário tinha que solicitar à professora e carregar na mão um pedaço de madeira onde estava escrita a palavra “Licença”. Enquanto ele estivesse com a “licença” nenhum outro aluno podia sair com a mesma finalidade.

b) Existia a “Revista Semanal” realizada, obrigatoriamente, toda quinta-feira, onde os alunos tinham que fazer uma vistoria entre si, para observar itens de higiene corporal, tais como: unhas aparadas e limpas, ouvidos e orelhas limpas e dentes bem escovados. O aluno que descobrisse qualquer falha do colega, na parte de higiene corporal, dava dois bolos de palmatória nele.

Naquele tempo não existiam leis de proteção aos menores e alguns professores, em algumas escolas, exageravam: batiam com a régua, botavam o aluno de joelho sobre grãos de milho e quando o aluno cometia o que eles chamavam de “falta grave” era colocado no famoso “quarto escuro”.

Numa época, quando eu não andava muito bem em matemática, fui aconselhado a “fazer banca” com outro professor cujo nome não me recordo e que morava na Rua do Tanque da Nação. Lá, outros colegas de banca mais antigos, informaram-me que o professor não ouvia e nem enxergava direito e que não costumava corrigir as somas das contas, acreditando fielmente na prova-dos-noves. O aluno dizia: - Professor! Já terminei a conta. Ele perguntava imediatamente: - Já tirou a prova-dos-noves? Se deu o mesmo número em cima e embaixo, parabéns, a conta está certa e você tirou dez.

Senti que ali não era um bom ambiente para aprender matemática e meu pai retirou-me de lá e pediu a professora Francina para ensinar-me a matéria.

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