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O Zé Querino, o Coletor e a Onça

ENGRAÇADAS
Autor: Valmir Simões

O Zé Querino, o Coletor e a Onça

 

 

Pedro Cajá era pessoa muito conhecida em Itiúba, exímio caçador de onças, que tanto matava como apanhava as bichas vivas numa poderosa armadilha chamada arataca. Um dia ele chegou à venda do meu pai (Zé Simões) com uma mão da onça que acabara de matar e com bastante carne do animal para vender a quem apreciava. Naquele momento chegou Carlos “Coletor” no seu tradicional terno de linho branco e ficou observando toda a conversa. Nisso apareceu o Zé Querino que entrou na conversa dizendo: - uma onça destas se der um tapa em um homem mata o cara na hora. O Pedro Cajá saiu sem vender o seu produto e o assunto da onça ficou sendo discutido. O Carlos disse: - ou este homem é muito valente, ou esta onça deu uma bobeira danada. O Zé Querino disse: - Carlos, vamos fingir que eu sou a onça e você é o caçador. Os dois tinham o hábito de tomar umas biritas juntos e fazerem brincadeiras entre si. Meu pai entrou na conversa e procurou evitar brincadeiras que causasse problemas para ambos. O assunto parecia sanado quando o Carlos saiu da venda, mas logo ele voltou dizendo: - Zé Querino, eu resolvi topar ser o caçador e você a onça. O Carlos, então, pegou uma tranca de madeira que meu pai usava para travar as portas da venda e ficou em uma quina do balcão e o Zé Querino no outro lado sem que fosse percebido pelo “caçador”. Em dado momento o Zé Querino gritou dizendo: - lá vai a onça... No que deu o salto em direção ao Carlos, este aplicou-lhe uma cacetada, acertando em cheio a região entre o pescoço e a clavícula, deixando o Zé Querino desacordado e com uma das pernas tremendo sem parar. O Carlos debruçou-se sobre ele chorando e dizendo: - me ajude pelo amor de Deus, matei meu amigo. Alguns minutos depois, após meu pai colocar alho amassado junto ao nariz e passá-lo nos punhos, o Zé Querino foi abrindo os olhos e com muito sacrifício conseguiu levantar-se. Para voltar ao normal teve de ficar vários dias usando medicamentos.

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