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O Conquistador Sortudo

ENGRAÇADAS
Autor: Hildebrando Pinto de Carvalho (Banduca)

O Conquistador Sortudo

 

Em todas as pequenas e médias cidades sempre vai existir um cara sem pinta de ator de televisão, normalmente de estatura baixa, de pouca conversa, que para o lado de conquistar a mulherada, deixa muito bonitão sem vez.

Em Itiúba o sortudo tinha como lema: “do céu, urubu do chão, cururu” e, sem nenhum compromisso, levava um vidão de D. Juan. Sempre abusou da sorte e recebeu muitas pragas das “donzelas” abandonadas. Até que um dia casou e confirmou o ditado que diz: “o homem nasce, cresce, fica burro e casa”. Daí para frente sua vida mudou. A patroa era ciumenta e com certeza conhecia sua busca por prazeres fáceis, marcava de perto o malandro que passou a inventar viagens e serviços fora de casa. Quando era questionado, afirmava que tinha umas encomendas para entregar ou que tinha umas radiolas para consertar. A primeira desculpa, podia ser justificada, por ser dono e motorista de um velho caminhão que transportava tudo. Contam que, certa ocasião, vinha com uma carga de lenha e deu carona a uma mulher com o pé quebrado, à beira da estrada. Por azar a “cara-metade” soube e armou o maior barraco quando ele, cansado, chegou em casa, com o dinheiro do frete e a consciência tranquila, achando que fizera uma caridade. Jurou que não sabia o nome e muito menos quem era a carona. Pensou que ela acreditou e repetiu o gesto de caridoso, convidando a sua mulher para acompanhá-lo na próxima viagem. Porém, o sexto sentido da dita cuja falou mais alto. Prometeu e não foi. Ele lamentou e saiu certo de que poderia carregar na boleia a garota do pé quebrado sem problema. Voltou ao lugar e carregou o caminhão com lenha e sisal. Quando se aproximava da cidade, a patroa apareceu, de repente, no meio da estrada, munida de um porrete e ordenou: - desça daí que vou quebrar a cara dessa sirigaita que nunca teve ou tem pé quebrado e você sabe muito bem que anda se enrolando com ela por aí.

Até hoje, não se sabe como ele consertava rádio ou radiola, pois, não tinha habilidade para esses serviços eletrônicos, mas, serviu por muito tempo, como desculpa para sair à noite e ajudar alguma desprotegida da sorte, relembrar e suspirar, através das velhas canções e uma boa pinga, momentos vividos, entre um caminhoneiro de sorte e uma mulher mal servida... Daí para frente, ele arranjava desculpas para suas escapulidas, combinando antecipadamente com os amigos e parentes a estratégia menos arriscada para continuar mantendo a fama: “de dois pés, só escapa da cama aves e escada”... Sua fama o tempo apagou. Aqui fica o registro da odisseia vivenciada e aproveitada, por um itiubense bafejado pelo carisma e bom de papo, que nada comenta a respeito do passado e ainda tem a cara-de-pau de afirmar que vai cortar o “Bolo do Céu”.          

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