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O Tesouro da Casa do Padre

DIVERSOS
Autor: Fernando Pinto de Carvalho

O Tesouro da Casa do Padre

 

Quando eu era criança, costumava ouvir falar sobre um pote repleto de dinheiro enterrado na casa paroquial, localizada na rua onde eu vivia. A casa era ampla, com um espaço cercado nos fundos, onde um riacho corria e havia poços e cacimbas. Durante um período em que a Paróquia ficou sem padre temporariamente, meu amigo Manoel Carlos e eu decidimos procurar por esse suposto tesouro. Nós, dois garotos travessos, conseguimos entrar na casa por uma janela que estava mal fechada. Ao entrarmos, logo percebemos que um ladrilho no piso da sala se diferenciava dos demais, levando-nos a acreditar que ele indicava o local do tesouro. 

 

Com ferramentas que conseguimos pegar em nossas casas sem que ninguém notasse, começamos a escavar naquele ponto. Todos os dias pela manhã, estávamos lá, cavando com a certeza de que nos tornaríamos ricos. No entanto, o tesouro nunca apareceu. O buraco que cavamos acabou se tornando enorme, quase ocupando toda a sala, quando a faxineira da igreja decidiu fazer uma limpeza na casa. Felizmente, não estávamos lá naquele momento. Ao se deparar com o enorme buraco na sala, ela saiu correndo pela rua, gritando que tinham encontrado e furtado o tesouro do falecido. 

 

Os mais velhos contavam que antigamente os ricos costumavam enterrar suas joias e dinheiro para evitar roubos, e quando morriam, retornavam como espíritos para revelar o local, a fim de encontrar paz no além. Durante muito tempo, tentaram descobrir quem fora o sortudo contemplado. Qualquer pessoa que apresentasse melhora financeira era prontamente apontada como a possível escolhida pelo espírito penado para desfrutar do tesouro. Nós, que jamais esquecemos o esforço que empregamos e os calos enormes causados pelas pás e enxadas, tínhamos a certeza de que dali só sairia terra. E quanto terra…

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