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O Rapaz, a Garota Encantadora e o Imitador do tenor Vicente Celestino

DIVERSOS
Autor: Fernando Pinto de Carvalho

Havia uma garota morena e bonita, natural de Salvador, que costumava passar as férias em nossa cidade, hospedada na casa de seus avós. Seu charme e simpatia eram inegáveis, e ela nunca ficava sem namorado durante suas temporadas por aqui. Ele, por outro lado, também estava sempre acompanhado, circulando com um novo romance a cada oportunidade. Apesar disso, os dois nutriam um interesse mútuo e, em segredo, desejavam namorar um ao outro, nem que fosse por um breve período. Contudo, devido aos constantes compromissos amorosos de ambos, esse desejo nunca se concretizava.

Foi em uma dessas temporadas que, finalmente, o inesperado aconteceu: ambos ficaram livres ao mesmo tempo. A oportunidade tão aguardada parecia ter chegado. Estavam prestes a acertar o esperado namoro quando algo inesperado aconteceu. Ela se apaixonou por um rapaz recém-chegado à cidade, que rapidamente chamou atenção por um talento peculiar: ele cantava imitando com perfeição o renomado tenor brasileiro Vicente Celestino. Sua voz potente e marcante era capaz de encantar quem o ouvisse.

Até aí, tudo parecia apenas um desencontro de tempos e oportunidades. Afinal, eles já haviam esperado tanto tempo, e ele não teria dificuldade alguma para encontrar outra namorada. Porém, o que tornou a situação insuportável foi o hábito do novo pretendente – o “Vicente Celestino” local – de frequentar os dois únicos bares da cidade durante o dia inteiro. Lá, ele alternava entre beber e exibir seu vozeirão, interpretando as canções do tenor com entusiasmo contagiante, mas incessante.

A melodia poderosa e dramática, que encantava muitos, ecoava pelos bares e atingia em cheio os ouvidos do outro rapaz. E assim, ele teve que suportar, por dias a fio, o som de seu rival, com a voz de um “Vicente Celestino” e aguardar outra oportunidade para o esperado encontro com a morena.