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Discos Voadores em Itiúba 2

DISCOS VOADORES EM ITIÚBA
Autor: Ivan Lemos de Carvalho

Discos Voadores em Itiúba 2

 

Aconteceu numa manhã qualquer do período letivo, pouco antes do recreio, que começava às 10 horas. Havia aula em todas as quatro salas da Escola Góes Calmon, na Rua da Estação. Eu e meu irmão Maurício não estávamos em Itiúba, mas internos nos Maristas de Senhor do Bonfim, o que necessariamente situa o fato nos anos de 58 ou 59. Meus irmãos César e Taciano eram alunos de minha mãe na Escola Góes Calmon. Os três foram testemunhas, como todos que estavam na escola.

Tudo estava calmo até que alguém gritou: • Disco voador!!! Logo outros alunos emitiram gritos iguais e assim cada um entendeu que devia cumprir seu dever – levantar-se, abandonar livros, cadernos e salas, correr para a frente da escola (ainda não havia muros, nem calçamento na rua, nem casas do lado oposto à escola, a rua só tinha um lado e a vista era livre para a estrada de ferro, os pastos além, o bairro do Alto, a serra). As professoras depressa haviam desistido de manter seus alunos nas salas e correram tanto quanto eles para ver o que houvesse para ver. Viram. Todo mundo viu. Havia um imenso e poderoso redemoinho, que rompia todos os parâmetros para redemoinhos itiubenses. Sua base ia da escola até a ferrovia ou talvez um pouco além, estima meu irmão Taciano. Papéis e capim seco levantados pelo ar enlouquecido agitavam-se, girando em círculos, até uma altura incomum nesse tipo de fenômeno atmosférico em Itiúba. Mas, acima daquele turbilhão de materiais terrestres, bem mais acima, aproximadamente niveladas com a cumeada da Serra do Cruzeiro, outras coisas também voavam. E não se moviam ao sabor do vento – iam aonde queriam ir. Talvez fossem elas que movessem o ar, causando o redemoinho abaixo delas, propositadamente ou porque isso fazia naturalmente parte do processo. Do contrário, temos de admitir uma espantosa coincidência. Olhados mais ou menos na vertical, de baixo para cima contra um céu sem nuvens (única perspectiva disponível aos alunos e professoras da Escola Góes Calmon), os objetos voadores tinham todos forma circular, eram vários, uns pareciam algo maiores do que outros. O mais difícil para os inexperientes observadores era fazer uma estimativa do tamanho, mas nada tinham de pequenos. Eles mudavam constantemente de cor, talvez pelas variações da incidência da luz solar, talvez devido ao manejo de suas próprias energias. Mas as cores básicas, amplamente dominantes, eram o “avermelhado claro e o laranja, este mais fraco que o primeiro”, segundo descrição do meu irmão Taciano, confirmada pelo irmão César. Depois de alguns minutos de show aéreo, a apoteose. Enquanto o gigantesco redemoinho perdia força e morria, lá no alto os discos voadores começaram a fundir-se. Dois se juntavam e então só havia um ali. Mais dois se juntavam e tornavam-se um. Mais dois se uniam em um. Até que todos se transformaram em somente dois. E este par logo se fundiu. No final, como numa mágica, só havia um. Então, contou-me minha mãe há muito tempo, ele fez uma rápida manobra de subida, parou bem no zênite por alguns segundos e, dessa posição imóvel, partiu em linha reta pelo céu com a velocidade de um raio até ser encoberto pela Serra do Cruzeiro.

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