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Trovões - Ecos das Serras de Itiúba

CURIOSIDADES
Autor: Humberto Pinto de Carvalho

Tempos bons de menino, quando todos tinham tempo para olhar o céu nas noites de trovoadas com seus efeitos sonoros, que troavam nas serras em volta da cidade. Estes reflexos das ondas estão gravados no fundo da nossa mente. Todas às vezes que ouvimos trovejar em terras distante sentimos falta deste eco, que as montanhas procuram imitar com cuidado para não assustar ao reproduzir o mesmo som com baixa intensidade. Pode ser apenas a repetição do desconhecido provoque saudade. Também pode ser o aviso perigoso do traiçoeiro raio, resultado da onde de choque nas alturas aquecendo o ar, com graves consequências cá em baixo. No alto o brilho intenso do sol faz e acontece o nascer e ocaso de cada dia emoldurado pelas corcovadas serras com suas sombras e seu jogo de luz.

No sertão o trovão ao retumbar cria outras superstições, que solapam a realidade. Pânico para uns e para outros uma sensação de paz, verdade e bondade ao ouvir a repetição vindo das entranhas dos rochedos. Lembramos que numa cidade sem luz elétrica a escuridão contribui para aumentar o pavor das trovoadas, que no primeiro ronco vindo lá de cima pessoas consideradas valentes e destemidas cobriam os espelhos e guardavam as facas e garfos. E para espantar o medo rezavam debaixo da mesa. Quando tudo se acalmava, sacudiam o pó e agradeciam ao bom Deus por ter mais alguns anos de vida. Logo esqueciam o sinal sinistro sem tragédia ou mesquinharia, que muitas vezes distorcem a história de cada. Vale acreditar, mesmo quando superada pela ordem geral, que nos conduz denominada simplesmente força do destino e esperar pela próxima temporada com as precauções de sempre temer as tragédias e se manter na crença que se não impede pode minimizar e superar a vulnerabilidade dos fenômenos naturais, que ajudam a preservar a ordem cósmica.  .

O ribombo que apavora os tementes aos castigos divinos confirma, que lá entre o céu e a terra o silêncio tem o seu dia de barulho.