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Os Jegues do Santana

CURIOSIDADES
Autor: Fernando Pinto de Carvalho

Os Jegues do Santana

 

Santana era um homem profundamente dedicado ao trabalho, que talvez tivesse cerca de 60 anos, mas aparentava muito mais. Os anos de esforço contínuo para sustentar sua numerosa família deixaram marcas visíveis em sua aparência, refletindo a dureza de sua rotina. Sua principal fonte de renda vinha de uma tropa de jegues, que ele utilizava para transportar materiais dos depósitos até as poucas obras de construção que surgiam na cidade. Naquele tempo, havia apenas dois ou três caminhões disponíveis, e os jegues de Santana eram fundamentais para carregar areia, barro, cimento, tijolos, telhas e outros materiais essenciais para as construções locais.

Santana vivia na simplicidade e parecia não ter um espaço adequado para guardar seus fiéis animais durante a noite. Como resultado, deixava os jegues soltos pelas ruas da cidade, onde se tornavam uma presença constante no cenário urbano. No silêncio das noites, era comum ouvir o som dos chocalhos dos animais ecoando pelas ruas sem calçamento, enquanto eles vagavam em busca de qualquer vegetação que crescesse entre o chão de terra batida.

Com o passar do tempo, os jegues envelheciam e, incapazes de suportar o peso das cargas, eram abandonados à própria sorte. Essa prática, embora cruel, era comum na região. Os animais envelhecidos continuavam vagando pela cidade, sobrevivendo do pouco que encontravam nas ruas, uma triste realidade que se repetia.

O velho Santana, apesar de sua rotina árdua, não estava sozinho em sua missão. Em seu dia a dia, contava, de vez em quando, com o apoio de seus filhos, Odilon e Champião. Eles ajudavam a colocar e retirar as cargas dos jegues, compartilhando com o pai a responsabilidade e o esforço que eram necessários para manter a família.

Santana e seus jegues representavam uma época em que a força e a resistência dos animais eram indispensáveis para o funcionamento da economia local. Suas histórias, embora simples, carregam memórias de luta e resiliência que ainda hoje ecoam como parte da identidade da cidade.

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