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O Carneiro do Carlinhos II
CURIOSIDADES
Autor: Carlos Dias Lima
Histórico de um Ovino. Localidade: Cidade de Itiúba (BA) Ano: 1947. Nome: “Bogarim”. Existem muitas definições para esse nome. É um nome próprio que denomina vários seguimentos como, flor, perfume, pessoas, empresas, marcas, etc. No caso em foco, eu o escolhi a partir do perfume, não porque fosse à fragrância do verdadeiro perfume original, mas pelo seu constante cheirinho de “velame”, que ele trazia em seu lindo e macio pelo. Da sua procedência: tudo começou a partir do fato de haver um cliente do meu “Tio/pai”, o Dr. Nogueira, não me recordo do nome desse paciente, afinal, eu só tinha 10 anos. Só lembro que era morador no “Saquinho”, e que agradecido, pelo fato de ter sido curado, segundo ele, por Dr. Nogueira, resolveu presenteá-lo com um filhote de ovino, “um borreguinho para o seu menino, como disse ele”, e que a partir desse dia o meu Tio/pai passou a me chamar de “borrego”. Proprietário: “Carlinhos de Dr. Nogueira”. Dai, como não poderia deixar de ser, foi só alegria naquela casa e naquela família, pois o espírito de amor, paz e união ficava a cada dia mais firme entre nós. Não era para menos, eu feliz com o inusitado presente, pois, agora, teria um grande amigo para estar comigo todos os dias da minha vida, pensava eu! Os meus tutores, Julieta e Nogueira, mas que em verdade foram para mim os melhores pais que um filho poderia ter, também estavam que não podiam se conter com tanta felicidade em me ver realizado!
O borrego cresceu e se tornou a minha montaria por pelo menos dois anos, pegando corridas com os jegues do Santana, do Bel e do Maninho, filho de Joaquim Cambeca, e só perdia para o “jumento compolino”, de propriedade do André, concunhado do Elísio Ferreira. Depois dai, eu também estava crescendo e as pernas, “finas e longas”, (agora falando de mim, por isso recebi o apelido de golfinho, mas que nada tinha a ver com o animal e nem com a plantinha aquática das aguadas da nossa querida Itiúba, mas sim com o professor Álvaro, que morava em Itiúba naqueles dias e que era magérrimo). Destaques: para um fato que não era comum: o carneiro do Carlinhos do Dr. Nogueira “dá leite”, comentavam alguns! De fato, só sei que apesar de não ter úbere, ao ser ordenhado expelia um líquido tipicamente característico em cor, odor, viscosidade e cheiro. Para os que se atreviam a provar, diziam que era leite. Infelizmente não sei se iremos encontrar alguma testemunha viva! Quando chegou à idade adulta o animal teve de ser castrado, pois havia certas inconveniências em deixá-lo “inteiro”, como se dizia. O fato é que deve ter havido algum tipo de trauma degenerativo glandular e/ou hormonal, dai ter havido inflamações nessa região, promovendo assim um estímulo das glândulas mamárias que só estavam desativadas pelo fato dele ser macho. Esta é a minha avaliação, não tem nada cientifico na minha fala a respeito desses fatos.
O carneiro ainda viveu muitos anos sendo muito bem cuidado, servindo, às vezes, de mascote nos desfiles escolares, principalmente nas paradas de comemorações de Sete de Setembro. Castração e inconveniências, primeiro, o carneiro não era “mocho”, ou seja: tinha chifres, e isso era perigoso para a convivência do menino com o animal. Segundo, o animal “inteiro”, com certeza iria desgarrar-se atrás das ovelhas que pastavam nas redondezas e com isso poderia se perder, etc., etc. Outro fato: o animal, após se tornar conhecido como a montaria do menino do Dr. Nogueira, tornou-se objeto de desejo. Alguns pais enviaram propostas de compra com desejo de possuir o animal com preço em aberto. Outros propunham trocas por jumento, outros por cavalo. O Triste final. Essa história começou a partir da ideia de um homem adulto, e que fez uma criança muito feliz. E, Termina com a infeliz ideia de alguns homens adultos e insensíveis, insinuando que o animal estava muito gordo e poderia morrer a qualquer hora e aconselhavam vendê-lo para o abate. É óbvio que fiquei desesperado, mas já naqueles dias com meus treze para quatorze anos, fui convencido por minha mãe que o melhor seria vendê-lo e comprar um cavalo para substituir a montaria e o amigo. Então, mais uma vez, diante das circunstâncias, ou seja: fatos, verdades, oportunidades e conveniências, eu fui "mui amigo" e, que morra o carneiro, pois ai, “já picado pela serpente do cinema” eu me tornaria um Alan Ladd, um Randolf Scott e quem sabe até um Apache. Gostei da ideia e me tornei ingrato, egoísta, infiel, oportunista e mercenário. (Que Deus me perdoe também por isso.). Termino aqui.
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