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Itiúba, o Cinema e o Jornal
CULTURA
Autor: Fernando Pinto de Carvalho

Itiúba conquistou sua emancipação de Queimadas em 1935, um marco que transformou o município e impulsionou sua trajetória de desenvolvimento. O pedido de emancipação foi formalizado em 1933, por meio de um Documento-Memorial enviado ao então Governador da Bahia, Juracy Magalhães. Nele, destacava-se que o novo município já possuía cerca de 17.000 habitantes, sendo 3.000 na sede e 14.000 na zona rural. A justificativa incluía uma arrecadação robusta, uma área urbana com 400 casas, além de infraestruturas culturais e comerciais como um Centro Filarmônico, armazéns, depósitos de gêneros alimentícios, farmácias e um prédio escolar público.
Em 1936, um ano após a emancipação, Itiúba continuava dando passos significativos rumo ao progresso. Foi nesse ano que a cidade ganhou um importante ponto de cultura e lazer: o cinema, que também funcionava como teatro. Ele foi inaugurado com a liderança de Manoel Pinto, um rico comerciante local que não apenas era proprietário do cinema, mas também de pequenas indústrias. Sua visão empreendedora o levou a instalar uma usina termoelétrica, responsável por iluminar o cinema, parte do comércio, prédios públicos e poucas residências. Esse investimento privado foi crucial para atender às demandas energéticas de uma cidade em crescimento.
Outro marco de 1936 foi o surgimento de O Itiubense, o primeiro jornal da cidade, fundado por José Diamantino Assis. Jornalista experiente, com passagens por diversos periódicos na cidade de Juazeiro, José Assis trouxe para Itiúba um veículo que não apenas informava, mas também contribuía para moldar a identidade cultural do município. O Itiubense era um semanário independente, que combinava notícias locais, regionais e internacionais, notas sociais, anúncios comerciais e até poemas, abrangendo diversos aspectos da vida na cidade.
Tanto Manoel Pinto quanto José Assis, cada um em sua área de atuação, enfrentaram desafios significativos, mas contribuíram imensamente para que o recém-criado município de Itiúba contasse com as bases necessárias para seu desenvolvimento cultural. Eles, de maneira visionária, plantaram as sementes que ajudaram a transformar Itiúba em um espaço de efervescência cultural e comunitária.
Hoje, ao revisitar essas memórias, me recordo de um belo poema já publicado neste mesmo site pelo grande poeta itiubense Egnaldo Paixão. Em O Cinema e o Jornal, ele capturou com maestria esses momentos emblemáticos da história de Itiúba, tecendo versos que homenageiam o cinema, o jornal e a vida na vila que crescia:
O CINEMA E O JORNAL – Egnaldo Paixão
Como era assistir a um filme numa Vila confinada que só tinha um jornal, um cinema e uma praça acanhada?
Como era o jornal da Vila dando notícias locais quando todas elas não passavam na semana de cinco, três e não mais?
Como era ver na Vila bandas de músicas rivais fossem nas procissões fossem nos carnavais?
Como era desfilar na mansidão de uma Vila ternos de reis que encantavam de tantas moças bonitas?
Como era no Teatro ver dramas de forte enredo com artistas do lugar representando sem medo?
Como era ir ao campo todo domingo ver jogo entre times inimigos tirando lascas de fogo?
Como o povo dessa Vila aprendeu o tom de tantas linhagens futebol, teatro e festas de diferentes linguagens?
Pois foi mesmo Manoel Pinto com o jornalista Assis que trouxeram a Itiúba
os tons de vários “brasis”.
A história de Itiúba, tecida por iniciativas como as de Manoel Pinto e José Assis, e capturada com poesia por Egnaldo Paixão, é um testemunho da força da cultura local e da capacidade de uma comunidade de crescer e se transformar. Essas memórias permanecem vivas, inspirando gerações e reafirmando o valor das raízes históricas e culturais de Itiúba.
Obs.: saiba mais sobre o jornal "O Itiubense" e o seu criador, o jornalista José Assis, clicando no link: José Assis Diamantino e o Jornal
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