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O Rasga-Mortalha
CRENÇAS, RELIGIÕES E SUPERTIÇÕES
Autor: Max Brandão Cirne
Quem nasceu, cresceu e se formou na vida lá pelos lados dos sertões, pode muito bem confirmar a história do Rasga-mortalha que costumava voar todas as noites entre pios e grasnados apavorantes.
Era temibilíssimo e assustador, mas de cuja veracidade necessita maiores e melhores esclarecimentos e explicações para adquirir, de verdade, alguma credibilidade e indubitabilidade. O rasga-mortalha saia piando a noite fazendo curtas e lentas revoadas pela cidade. Aonde alcançava seu voo se dizia que alguém morreria. Muitas coincidências ocorriam e, de fato, dia seguinte, a notícia espalhava-se sorrateiramente que “fulano ou sicrano havia batido as botas”. Era um modo um tanto ou quanto romântico de entregar a alma ao Criador. Mas assim ocorria.
Hoje, com as iluminarias das cidades, sua identidade foi descoberta. Trata-se de uma espécie de ave muito conhecida por “coruja de igreja”, dada sua preferência por se estabelecerem, viverem se reproduzirem nas torres dos templos católicos. É branca com pintas pretas formando um pedrês, cujo contraste das suas longas asas batidas pelas luzes dão uma aparência muito interessante. Não se sabe se com o desmatamento, fato é que as corujas, parece, desapareceram das cidades ou se extinguiram. Mas, ainda hoje, em muitas cidades, elas continuam a existir, exemplo da cidade de Santo Antônio de Jesus, aonde elas continuam a voar nas noites, mas sem aquele ‘encanto’ dos sertões anunciando que alguém faleceu. Bons tempos aqueles dos agouros das corujas!
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