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Os Coronéis Itiubenses

CORONÉIS ITIUBENSES
Autor: Humberto Pinto de Carvalho

Os Coronéis Itiubenses

 

Os coronéis foram frutos da necessidade da sociedade iletrada, com raízes na época do Imperador D. Pedro II, que se expandiu Brasil afora, contagiando o ambiente onde atuavam e não foram os únicos culpados pelas dificuldades existentes ou remanescentes.

A Guarda Nacional, após a Proclamação da República em 1889, enfrentou um movimento de substituição por novas lideranças. Nesta disputa surgiram muitas lutas internas. Oficialmente foi extinta em 1917, mas se manteve unida aos líderes da Revolução de 1930, quando ficou demonstrado que os coronéis, capitães, majores e tenentes, eram necessários para, com seus préstimos, elegerem Governadores e Deputados. A verdade é que, no Império e na República Velha, o coronelismo fazia sua parte e tinha sua compensação.

No Nordeste se identificava com as secas, pobrezas e disputas políticas pelo poder de mando. Em Minas Gerais era estreitamente ligada aos fazendeiros de café e produtores de leite. No Rio Grande Sul foi substituída pelo caudilhismo. Aqui ou acolá representavam as classes abastadas, que ofereciam segurança e assistência, conforme o nível de desenvolvimento de cada região. Assim, em qualquer canto do Brasil, influíam nas eleições. Havia um processo eleitoral capenga, embora o coronelismo nunca tenha sido aceite como um sistema político. O Oficial da Guarda Nacional não recebia remuneração, mas, para obter sua Patente desembolsava grande quantia e mesmo assim, eram obrigados a atender convocação para prestar serviços eventuais ao Governo.

Gerou, contudo, uma figura simbólica no imaginário nacional, oriunda do isolado cenário rural, transmitida pela história oral do avô para o neto, quando tudo dependia do carro de boi, cavalo, jegue, e movida pelo código do cambalacho para impor sua autoridade, sem compromissos com ajuda direta na sobrevivência dos desvalidos. Curioso é saber que a Guarda Nacional não era subordinada ao Exército e sim ao Ministério da Justiça. Uma forma de o Governo Central dispor da Força Civil espalhada por todo território brasileiro, tolerando os abusos cometidos e também reconhecendo a deficiência na construção de uma sólida base municipal, com grau sustentável de politização, para consecução da organização do estado que congregasse pessoas idôneas para votar e serem votadas.

Resta tecer algumas considerações a respeito dos itiubenses que pertenceram à Guarda Nacional. Pedimos desculpas se esquecemos alguns ou faltarem detalhes de outros. Vamos pela hierarquia e ordem alfabética: Coronel Aristides Simões de Freitas, respeitado cidadão, que militou e comandou a política de Itiúba por cerca de 30 anos, Coronel Francisco Simões da Silva, Coronel João Antônio da Silva, fazendeiro, homem público que empunhou a bandeira da emancipação do nosso Município e descobriu novas lideranças, entre elas Belarmino Pinto de Azeredo, o qual foi o primeiro Prefeito de Itiúba, Coronel Manso Sampaio, Coronel Ramiro da Silva Pimentel, político e orador famoso, que chegou a Deputado pelos seus próprios méritos, Coronel Vilarindo Borges, Capitão Antônio Pinto de Azeredo, Capitão Joaquim Simões da Silva, Capitão Manoel do Ariri, Capitão Tietre Ferreira de Carvalho, Major Antônio Freitas, Major Arquias Simões Sampaio, Major Arquimínio Simões, Major José Felix da Cruz, Tenente Ascendino S. Sampaio Tenente Otaviano Ribeiro, Tenente Salvador Pinto.

É bom comparar o modo de agir do coronelismo com os gastos de hoje na massificação que ocorre nas pequenas e grandes cidades, onde a demagogia permite a alienação do eleitor na hora de escolher os seus representantes do Executivo e do Legislativo. Sem querer confronto e conflito, certo é que são mantidos os currais eleitorais que garantem a continuação do sistema do “toma-lá-da-cá”. A figura do Coronel desapareceu, porém, são mantidas as mazelas, como a desobediência civil, a miséria e a ignorância aliada aos maus políticos e aproveitadores, para confirmar que pouca coisa mudou de lá para cá.          

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