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A Casa de Taipa de Dona Casimira

COMPORTAMENTO
Autor: Valmir Simões

A Casa de Taipa de Dona Casimira

 

Na estrada Itiúba-Fazenda do Estado, do lado direito, logo após a venda do Salu, morava uma senhora bem idosa, mas com um vigor físico invejável, conhecida por todos. Chamava-se Casimira (D. Casimira Fateira). Tenho lembranças apenas dos seus dois filhos, um por nome Gato e o outro chamado de Severo. D. Casimira saía de sua casa logo cedinho da manhã, carregando uma gamela de madeira e uma peixeira enrolada em um pano. O seu destino era o curral da matança. Lá ela comprava as vísceras dos bois e as levava para casa, onde eram tratadas e aferventadas em água quente para serem vendidas na feira livre da cidade, no beco entre o açougue e o Armazém do João de Castro. A sua casa de taipa, com a chuvarada, sofreu danos na estrutura, então ela procurou o meu pai (José Simões) para que ele conseguisse umas garrafas de cachaça, pois ela iria fazer um batalhão (Reunião de pessoas para auxiliar) e preparar uma fatada para umas dez pessoas. Meu pai deu várias garrafas, não só de cachaça como de vinho de maçã, que ele conseguiu com “Seu” Manoel Raimundo. Fizeram um monte de barro tirado de um rebentão junto ao local. Para ser o coordenador e distribuidor da bebida foi designado o Escurinho, pai do Pitionga. Com um enorme facão cortavam os cipós e as varas para o reforço da estrutura da casa, só que trabalhavam, mas, ao mesmo tempo, bebiam para valer. Já tinha gente se escorando pelos cantos que nem sabia mais o que era que realmente estava fazendo ali. O Escurinho trocava as palavras, não tinha mais coordenação de nada e já estava dando o serviço por completo quando o meu pai, passando por lá, observou que a janela não tinha espaço suficiente nem para D. Casimira debruçar-se e a porta de entrada estava completamente torta. O serviço foi refeito, por outra pessoa no dia seguinte, pois naquele momento tinha mais gente deitada do que em pé para dar seguimento ao trabalho e consertar os erros cometidos.  

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