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Sobre Circos, Rumbeiras e Palhaços

CIRCOS E PARQUES DE DIVERSÕES
Autor: Max Brandão Cirne

Sobre Circos, Rumbeiras e Palhaços

                                                                                   

Vejo com os olhos   que a terra fria há de comê-los conforme hiperbolicamente e pleonasticamente a língua me permite, dos sentidos aflorados nas recordações, a grande lona de circo montada por mãos calejadas e frontes suadas. A azáfama, o corre-corre desesperado para erguer o circo, os carros coadjuvantes se organizando formando uma barreira ao derredor, e, pouco a pouco, aquela estrutura se desenhar no mundo ocupado pelo circo já erguido.         

Já de tardinha, vejo o palhaço com suas enormes pernas-de-pau, cara pintada com seu nariz vermelho- vivo e calças largas e folgadas num esforço terrível para alcançar as próprias pernas. Vejo meninos de calças curtas ao redor disputando um lugar para sair atrás do palhaço pela cidade anunciando e repetindo aquele refrão velho e engraçado que não sai das mentes dos meninos já adultos. Vejo menino com caras marcadas por cruzes feitas nas testas de óleo e carvão para que não pudesse ser apagado, o cuidado em não tomar banho para não lavar a cara, a mãe verberando que “você não precisa disso”, e vejo meninos enfileirados para reclamar o direito de adentrar ao local, de risos e felicidade, por gritarem que o “palhaço era um ladrão de mulher” durante toda uma tarde.       

Vejo rumbeiras lindas, sacudindo as ancas febrilmente dançando mambos ao som de bandas anônimas, pernas e coxas grossas e voluptuosas, olhares ávidos, homens de todas as idades com aqueles olhares gananciosos e indisfarçados, quase despudorados, mulheres - esposas absolutamente com as caras amuadas diante, e, na hora das rumbeiras, sublime instante para os nossos pensamentos ainda que pueris na ausência de poder.         

Vejo o circo nos seus dramalhões formidandos, em Três Atos, o riso e a felicidade, a alegria e os assobios aprovadores. E, finalmente, a tristeza de ver a lona ser deitada, transportados todos os utensílios para os trens. Vejo as rumbeiras e trapezistas não tão deslumbrantes em roupas comuns, correndo, carregando filhos e tralhas, para não perderem a hora do embarque rumo a outras praças.       

Vejo o quanto morremos neste existir flegmático, nesse transe de dores, existências vividas e despedidas.          

Assim eram os circos em Itiúba na chegada e na despedida. 

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