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Zezito do Cinema: O Guardião das Telas e Suas Peculiaridades

CINEMA
Autor: Fernando Pinto de Carvalho

Zezito do Cinema: O Guardião das Telas e Suas Peculiaridades

 

Meu primo Zezito, mais conhecido como Zezito do Cinema, foi o administrador do Cine-Itiúba por muitos anos. Recentemente, nos deixou de forma repentina, mas sua memória permanece viva nas inúmeras histórias que protagonizou. Afinal, foram mais de duas décadas convivendo com os frequentadores do cinema e testemunhando momentos únicos.

Já contei aqui sobre os “meus quinze” (O Cinema), quando ele, irritado com as reclamações incessantes de um espectador sobre a demora no conserto da máquina de exibição, quase fez valer sua indignação de maneira mais enérgica. Também narrei a curiosa história da bela mesa de ping-pong que ele e o saudoso Clóvis Carvalho construíram, mas que nunca foi utilizada (O ping-pong da dupla Zecáquis).

Agora trago mais um episódio que ilustra bem a personalidade peculiar de Zezito. Ele nunca gostou quando Bertinho, proprietário, cedia as instalações do cinema para apresentações de músicos, grupos teatrais e trios que passavam pela cidade. Para ele, esses eventos eram sinônimo de trabalho dobrado—limpeza, organização, reparo de cadeiras quebradas—e ele preferia evitá-los sempre que possível.

Quando o Trio Nordestino, ainda no início de sua trajetória rumo à fama, chegou à cidade e Bertinho, como de costume, ofereceu o cinema para a apresentação, Zezito resolveu adotar uma estratégia inusitada para impedir o evento: simplesmente desapareceu.

Trancou-se no próprio cinema e comunicou a todos os funcionários que iria dormir o dia inteiro e não deveria ser perturbado por motivo algum. A ordem foi obedecida à risca. O Trio Nordestino não conseguiu entrar para preparar seu espetáculo, e, apesar da expectativa da cidade, o show simplesmente não aconteceu.

Quando perguntaram ao representante do Trio Nordestino por que o evento não ocorreu, ele resumiu a situação com um comentário que se tornaria memorável: – O homem é uma soneira da moléstia...

Zezito era, de fato, um homem singular—teimoso e cheio de manias, mas também dedicado e generoso. Quem teve o privilégio de conhecê-lo guardará para sempre suas histórias e o legado que ele deixou.

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