Meu primo Zezito, mais conhecido como Zezito do Cinema, foi o administrador do cinema por muitos anos. Ele faleceu recentemente de maneira repentina. Zezito sabia de muitas histórias merecedoras de espaço aqui neste site. Afinal, foram mais de 20 anos de contato com os frequentadores do Cine-Itiúba.
Já contei aqui a história dos “meus quinze” (O Cinema), quando ele fez tudo para “encher de tapas” a cara de um pobre frequentador do cinema que cometeu o “pecado” de reclamar, insistentemente e em voz alta, devido à demora no conserto de máquina de exibição que havia apresentado problema em plena sessão. Contei, ainda, como ele e o também saudoso Clóvis Carvalho fizeram uma bela mesa de ping-pong que nunca foi utilizada (O ping-pong da dupla Zecáquis).
Vou contar agora mais uma dele. Zezito não gostava quando o Bertinho cedia as instalações do cinema para apresentações de cantores, trios e grupos de teatro que passavam pela cidade. O Trio Nordestino, quando começava a ganhar fama, passou por lá e o Bertinho cedeu as instalações do cinema, como sempre fazia. Zezito, que, como já disse, odiava essas apresentações que só davam trabalho (limpeza, arrumação, conserto de cadeiras quebradas, etc.), adotou, desta vez, uma tática diferente para impedir a sua realização.
Ele resolveu dormir o dia inteiro para não ser encontrado. Trancou-se no próprio cinema e avisou a todos que lá trabalhavam que iria dormir e que, por nenhum motivo, deveria ser perturbado. A ordem foi cumprida. O Trio Nordestino não conseguiu entrar no cinema para fazer a preparação para a sua apresentação e não houve ‘show’ nenhum naquele dia, embora a cidade toda já soubesse e aguardasse ansiosamente por ele.
Quando perguntaram ao Trio Nordestino porque não houve o show, ele disse: - O homem é uma soneira da moléstia...
Zezito era um homem peculiar, mas era também um homem bom e dedicado. Ele vai ser lembrado por todos que o conheceram.
