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Um Violino e o Carnaval
CARNAVAL
Autor: Egnaldo Paixão
Cinquenta anos ou mais
de invenções em laboratórios
pesquisas descobertas inacreditáveis,
inaugura-se um mundo ensurdecedor
de barulho nas ruas casas comércios viadutos
barulho nas águas no ar na superfície
e dentro da terra e do homem.
Salve trios carretas decibéis altíssimos
que fazem do carnaval de Salvador
festa uníssona de cores e blocos
sons que se misturam se confundem
se elevam e explodem.
O que faria Antônio Mota que tocava violino
no carnaval de Itiúba e a gente ouvia o som
original do instrumento dançando nas árvores,
no meio da avenida entre pierrôs e serpentinas
tirando marchinhas com seus camaradas?
No carnaval em que dois baianos astuciosos
eletrificaram a música e a fizeram ambulante
transmudando em violões dois pedaços de pau
sem caixa acústica, que iriam mudar tudo,
Antônio Mota tocava na antessala o Pierrô Apaixonado
ensaiando para sair com a esposa e passou mal.
Era manhã de segunda-feira
quando os blocos de pierrôs e serpentinas
foram interrompidos pelo enterro do violinista.
De cabeças baixas e fantasiados
o acompanharam cantando
a Colombina Loirinha Jardineira
porque sabiam que o carnaval de clowns
arlequins serpentinas e pierrôs
de espontânea poesia de rua
naquele instante também morria.
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