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Lança-perfume
CARNAVAL
Autor: Max Brandão Cirne
Antigamente, no meu tempo de juventude, lá pelas bandas de Itiúba, as coisas eram outras e os significados, também.
Faço aqui uma referência explícita aos tubos de lança-perfume que existiam e eram especialmente importados da Argentina para os felizardos que podiam desfrutar da “iguaria”. Comentando sobre o assunto com um leigo, tentei explicar que o crime é rigorosamente uma coisa relativa e que, nem sempre, as coisas são criminalizadas com lógica. Todos quantos viveram pelo menos até os anos “50” podem relembrar os carnavais do Brasil em que o uso do lança-perfume não oferecia nada de criminoso, salvo os porres que levavam à morte. Lembro-me de Pereira Coutinho, um dos donatários da Capitania da Bahia (Ilhéus), que foi levado até Portugal, denunciado, para se explicar perante o rei, apontado pela Inquisição da Igreja Católica, só porque o donatário adquiriu hábito de fumar, com os índios. Sim, os índios brasileiros levaram o infeliz vício do fumo para mundo. Depois ainda dizem que índio não ensina nada... Pois bem, não era todo mundo que podia fazer uso. O perfume era guardado nas toalhinhas que levávamos nos ombros e desemalados por vezes para recordarmos. As moças eram paqueradas com esguichos de lança-perfume. Não era crime. Hoje bandidos vivem a vender e a polícia destruir vasos de lança-perfume uma vez que foi criminalizada a prática. Coisas do Brasil. Ontem permitido. Hoje criminalizado. Que dá saudade dá. É inegável.
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