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O Pião na Unha

BRINCADEIRAS
Autor: Humberto Pinto de Carvalho

O Pião na Unha

 

 

Jogar pião é diversão e, ao mesmo tempo, pura arte. Vamos tentar descrever como é jogado. Antigamente os jovens itiubenses tinham poucas horas para brincar e nas suas folgas aproveitavam este pequeno objeto torneado ou feito à mão com madeira dura, preferencialmente o “pitiá”. Tem o formato cônico. Na parte alta o chamado “castelo” – uma protuberância redonda que serve para prender a ponta da fieira feita de cordão fino trançado, com aproximadamente um metro e meio. Na ponta fina, um prego com saliência de meio centímetro para dar o equilíbrio necessário. Para ser acionado são usadas as duas mãos. Primeiro enrola a fieira no “castelo” e desce até o “prego”. Daí contorna-se no sentido de baixo para cima. Terminada esta operação, está tudo pronto para ser atirado ao chão batido e sem pedras, para rodar até “dormir”.

O bom jogador espera a hora certa e com a fieira levanta o “bólido” do chão ou num lance rápido pegar o pião na unha do polegar. Também, quando atirado para frente, antes que ele toque a superfície, é puxado de volta ao corpo para cair na palma da mão. São usados até hoje dois tipos de piões, os bojudos e pesados ou os leves e altos. Cada um tem sua finalidade como divertimento de gente grande e pequena. É brinquedo antigo. Conhecido desde a época de Pompeia.

Há até um pião que assobia quando gira em alta velocidade. Dentre as muitas modalidades lembramos da “roda”. Era um círculo riscado na terra com um metro de diâmetro. Os apostadores colocavam no centro os seus piões e com o reserva iniciavam as jogadas. Ganhava quem acertasse uma bicada no pião do adversário ou com a pancada este saísse da roda. Caso o pião não batesse em nenhum da roda e “morresse” sem ultrapassar a linha demarcatória, tinha que permanecer no chão para receber o “castigo” e ser bicado pelos jogadores restantes. É arte e malabarismo dos aficionados e ases na perícia de jogar certo e festejar depois. Prazer maior era disputar os aplausos da plateia em pleno sol do verão ou, quem sabe, tentar pôr para dormir um “catatau” que teimava em dar saltos e mudar de direção, sem quê nem para quê.    

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