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A Roça de Palmas onde Brincávamos
BRINCADEIRAS
Autor: Fernando Pinto de Carvalho

Eu nasci e me criei na Rua Coronel Manso Sampaio, em Itiúba, na casa do meu pai. Nossa residência ficava a meros 20 metros do muro que delimitava a roça do Sr. Augusto Moura – uma pequena propriedade que exibia muro apenas do lado voltado para as casas residenciais, enquanto os demais lados eram protegidos por cerca de arame farpado. Na roça, cultivavam-se palmas que produziam frutos deliciosos, embora exigissem moderação no consumo para evitar dificuldades na evacuação.
Entre as roças vizinhas à propriedade do Sr. Augusto, a divisão e a proteção também se davam por cercas de arame farpado. Nas proximidades, um riacho temporário se transformava em convite para um refrescante banho de cacimba todos os dias. Quando as águas começavam a encher as cacimbas encontradas pelo caminho, surgiam sapos de todos os cantos – felizes com a chegada da chuva, eles coaxavam com grande intensidade, criando uma sinfonia rústica que deixava o campo ainda mais animado.
Nas imediações do fundo da propriedade, destacava-se um enorme pé de eucalipto, cujo perfume inebriante se espalhava pelo ar, marcando o ambiente com sua fragrância característica. Perto da cerca que margeava o riacho, algumas outras árvores de grande porte completavam o cenário natural. Curiosamente, havia também uma cacimba que nunca se enchia, por não ter conexão com o riacho, e uma casinha singela, construída em madeira e dividida por redes de arame. Contavam que essa pequena construção fora, tempos atrás, um galinheiro de luxo do antigo proprietário – e rapidamente se transformara na alegria da garotada da vizinhança.
Ali, brincávamos de tudo: encenávamos cenas de cowboys inspirados nos filmes do cinema, além de nos tornarmos “proprietários” de pequenas áreas do terreno do Sr. Augusto, que cercávamos e apelidávamos de fazendas. Em nosso universo, plantávamos milho e feijão – muitas vezes levando-os às escondidas de nossas casas – e cuidávamos dos nossos “rebanhos”, constituídos de ossos de boi, que, em nossa imaginação, se transformavam em verdadeiros animais. Quando chegava a hora da merenda, saíamos em busca de ninhos de galinhas nas proximidades e, em pouco tempo, um delicioso mexido preparado com ovos, açúcar e farinha de mandioca se fazia presente para todos.
Éramos crianças felizes, vivendo num ambiente simples, porém repleto de criatividade e liberdade – muito diferente do que as crianças de hoje conhecem. Nossos brinquedos eram feitos por nossas próprias mãos: carrinhos de madeira ou de lata, cavalos improvisados com cabos de vassoura e instrumentos musicais esculpidos com o barro das cacimbas. Inúmeras brincadeiras, fruto da nossa imaginação fértil, surgiam espontaneamente e pavimentavam os caminhos de dias inesquecíveis. Que bons tempos aqueles, em que vivíamos livres e soltos, imersos num ambiente acolhedor, onde cada dia trazia uma nova aventura.
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