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O Bar do Zé Dantas
BAIRROS, RUAS, PRAÇAS E LADEIREAS
Autor: Hugo Pinto de Carvalho
O Bar do Zé Dantas era o ponto de encontro de quase todos os rapazes da cidade. Primeiro porque ficava bem no centro da cidade e segundo porque além de ter mesas de sinuca e bilhar, os fregueses podiam tomar cervejas e refrigerantes geladinhos, mesmo não existindo energia elétrica durante o dia. Para conseguir isso, eram utilizadas duas geladeiras a querosene, que chegavam a fumaçar quando o tempo estava muito quente, mas "davam conta do recado". Quando o motor da luz "pifava" o Bar era iluminado por quatro lampiões, tipo "Petromax", também a querosene, que, para funcionarem, necessitavam de "bombadas" manuais, de meia em meia hora. Para mantê-los acesos, com boa luminosidade, o Zé Dantas tinha que se virar dando "bombadas" até a hora de fechar o estabelecimento. Era até engraçado, às vezes, porque quem estava jogando sinuca ou bilhar tinha que parar e esperar os lampiões tomarem as tais "bombadas" para adquirirem pressão. Devido ao alto preço e, também, porque o pessoal de lá gostava mesmo era de cerveja e cachaça, uma garrafa de uísque Cavalo Branco passou anos na prateleira sem que o Zé Dantas conseguisse vender uma dose sequer. Depois de muitos anos o famoso "White Horse" passou a mudar de cor. Ficou verde, depois laranja, depois amarelo...
Nas raras ocasiões em que o Zé Dantas resolvia tomar "umas" ele passava a usar um vocabulário muito peculiar. As pessoas que para ele não tinham caráter eram chamadas de "canalhocratas", os ignorantes de "animais de bico" e os não muito inteligentes de "jegaicos".
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