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Eu, o Novo e o Obsoleto
APARELHOS, INSTRUMENTOS E UTENSÍLIOS
Autor: Fernando Pinto de Carvalho

Acabei de constatar que muitos aparelhos e utensílios que fizeram parte do meu dia a dia, hoje são considerados peças de museu. Será que fiquei velho ou o mundo rejuveneceu? A constante evolução tecnológica faz com que inovações antes revolucionárias se tornem rapidamente obsoletas, descartáveis, quase como relíquias de um tempo que parece distante.
Vou começar pelo pilão de pedra que existia na casa do meu pai quando eu era menino. Era uma peça essencial na nossa cozinha. Com ele, triturávamos carne, milho, café torrado e preparávamos uma paçoca de carne com farinha de mandioca cuja lembrança ainda me dá água na boca. O pilão, multifuncional, era o precursor das máquinas de moer e dos liquidificadores modernos. Hoje, provavelmente está esquecido, repousando em um canto da dispensa, substituído por utensílios de design sofisticado, mas que talvez nunca alcancem sua simplicidade e eficácia.
Outro objeto que marcou minha vida foi a máquina de escrever Remington que existia no escritório do meu pai. Foi nela, sob as instruções rigorosas mas pacientes dele, que me tornei um exímio datilógrafo. Essa habilidade foi um trunfo valioso no início da minha carreira. Contudo, o prestígio das máquinas de escrever começou a declinar com a chegada dos modelos eletrificados e, finalmente, desapareceu com o advento dos computadores e seus teclados modernos, que tornaram a outrora “insubstituível” Remington uma memória nostálgica.
Na área dos sons, então, há muito o que recordar: os discos de 78 rotações, pesados, com apenas uma música de cada lado; as fitas cassete que pareciam tão práticas na época; os long-plays e os disquinhos graváveis e regraváveis, que dominavam o mercado e pareciam insubstituíveis, mas foram vencidos pela era do streaming. Poderíamos também falar dos toca-discos, das radiolas imponentes nas salas de visitas, dos microfones de cristal, das agulhas que riscavam os discos, produzindo aquele som característico. Todos, um dia, foram sinônimos de modernidade, mas acabaram cedendo espaço a tecnologias mais avançadas.
E, falando em comunicação, quem não se lembra do famoso celular “tijolão”? Eu mesmo tive um Motorola que pesava quase meio quilo. Carregava-o preso ao cinto, com um orgulho que hoje parece até cômico, mas que à época simbolizava o topo da inovação tecnológica. Ainda na linha das recordações, temos as TVs preto e branco, os toca-fitas automotivos, os rádios de pilha e até os projetores de cinema em 16mm – itens que, embora hoje estejam ultrapassados, deixaram marcas indeléveis em nossa história pessoal e coletiva. A verdade é que o ciclo de vida dos objetos demonstra que nada é eterno, nada dura para sempre.
Recentemente, deparei-me com um artigo sobre a Obsolescência Programada, um conceito intrigante que reflete os tempos em que vivemos. Ele descreve a prática proposital de fabricar produtos com vida útil limitada, forçando os consumidores a descartá-los e substituí-los por novos em intervalos cada vez mais curtos. Empresas lançam mercadorias sabendo que em breve serão obsoletas, enquanto a própria legislação brasileira desobriga os fabricantes a produzirem peças de reposição após cinco anos de fabricação. É uma estratégia que estimula o consumo constante, mas que levanta uma importante reflexão: como equilibrar esse modelo com práticas mais sustentáveis?
Por outro lado, é válido considerar que, se os produtos fossem extremamente duráveis, isso poderia impactar negativamente a economia. A necessidade de mais impostos e empregos sustenta, em parte, a lógica do consumo contínuo. Eis o grande dilema: preservar recursos e reduzir desperdícios ou manter o crescimento econômico e a geração de empregos? Esse questionamento continua sendo uma provocação para nossos tempos.
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