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O Fiscal e os Porcos

ADMINISTRAÇÃO E AUTORIDADES MUNICIPAIS
Autor: Valmir Simões

O Fiscal e os Porcos

   

 

Conheci muito de perto um fiscal da Prefeitura Municipal de Itiúba que residia próximo da residência dos meus pais. A cidade não tinha rede de esgoto. As casas das pessoas de mais recursos tinham fossas nos seus quintais, nas casas mais humildes, contudo, o esgoto corria ao ar livre. Algumas pessoas criavam porcos e galinhas soltos nas ruas da cidade, contrariando as determinações da Prefeitura que não consentia esse procedimento.

Os animais, segundo a Prefeitura, deveriam ter um local apropriado para sua criação, não devendo andar nas ruas alimentando-se da sujeira dos esgotos. Para fazer cumprir a determinação a Prefeitura escolheu um fiscal que embora fosse amigo de todos, era um cumpridor rigoroso dos seus deveres. Chamava-se Paulino e adorava andar vestido num terno branco. Andava sempre com a sua inseparável “Máuser FN”, uma poderosa arma que tinha bala com ponta de aço capaz de perfurar a lâmina de uma enxada. A bainha de couro da arma era transpassada por um cinturão que formava um mesmo conjunto com um par de suspensórios e ajudava a segurar as suas calças. Era uma figura temida por muitos, pois quando ele passava por um local que tinha porcos soltos, podia ter a certeza que logo atrás vinha um funcionário carregando uma espingarda de socar para matá-los. Ao observar o porco, o funcionário encarregado da matança chegava a se ajoelhar no local para caprichar melhor o tiro. Matava e na mesma hora sangrava o animal, deixando-o no mesmo lugar. Quando o dono do animal reclamava, ele dizia:   – Estou aqui, cumprindo as ordens do “seu” Paulino, Fiscal da Prefeitura. O dono do animal, então, descarregava um amontoado de pragas contra a pessoa do Fiscal Paulino. Só sei que o Paulino por longos anos cumpriu o seu dever e baniu os porcos das ruas da cidade.

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